Escolas Exponenciais

Como educadora, lecionando remotamente há 5 meses, não tive tempo para pensar que o “ano está perdido”. Com certeza você já ouviu alguma piadinha do tipo:

“Me nego a envelhecer um ano que não vivi!”, ou “emendamos o Carnaval com o Natal”. Eu, honestamente, não acho que esse ano esteja perdido, que não o tenhamos vivido, ou que tenha sido um eterno feriadão.

Digo isso refletindo sobre todas as adaptações e mudanças que as escolas, os professores e as famílias têm feito para manter a educação funcionando mesmo em isolamento social.

Primeiro os professores tiveram que adaptar suas aulas presenciais para modelos híbridos, sejam eles digitais, dando aula por videoconferência, ou ainda criando materiais impressos para seus estudantes. E isso não foi (tem sido) nada fácil.

A fluência em uma série de metodologias vem com a prática, não é à toa que para obtenção do diploma de pedagogia ou licenciatura é necessário fazer estágios. Colegas aprenderam em tempo recorde a operar câmeras, celulares, aplicativos de edição, e viraram experts em produção de material gráfico com fichas e atividades das mais diversas.

Depois os alunos tiveram que se organizar em suas casas, com suas famílias, para acompanhar as aulas de maneira remota. Tem criança estudando na cama, na cozinha, na mesa da sala, com TV ligada, rádio tocando, gente passando, panela chiando, cachorro latindo. A escola invadiu as casas!

Agora vislumbramos o retorno (ainda sem data) para a escola, revendo calendários e planejamentos, e é nesse ponto que reflito. É muito importante que possamos olhar para o que as crianças aprenderam.

Seja em conteúdos escolares tradicionais, seja em experiências vividas nesse período. Cada aluno viveu – e vem vivendo – de maneira diferente esse período, e devemos honrar essa vivência, trazendo-a para a sala de aula.

Posso sugerir estratégias como criação de diários, onde os estudantes relatem suas rotinas no isolamento. Ainda é possível um grande mural coletivo (digital, inclusive!), e a partir daí os colegas podem apontar os interesses da turma. Como finalização pode ser desenvolvido um seminário, conectando aluno, família e escola para compartilhar esses aprendizados com toda a classe! Cuidados com a casa, com animais, com familiares, com hortas, culinária, brincadeiras novas, podem ser ensinados aos colegas, e quem sabe ainda para toda a comunidade escolar.

Olhar para a BNCC de maneira integral pode ajudar a montar esse quebra-cabeça entre conteúdo e aprendizados dentro das diretrizes educacionais.

Imagine a riqueza de experiências e aprendizados que podemos efetivamente ensinar quando a escola e a família olharem para o que os nossos alunos ganharam, não para o que perderam no enfrentamento dessa pandemia? Temos muito a aprender e a compartilhar. Estamos isolados, mas seguimos vivendo, e somos uma grande comunidade de aprendizagem.