Voltaire

Hoje quero homenagear um dos maiores gênios da humanidade: François-Marie Arouet, conhecido como “Voltaire”. Isto porque amanhã, dia 30 de maio, celebra-se a sua morte, ocorrida em 1778. Ele foi, além de escritor, um dos maiores filósofos Iluministas. As pessoas que me conhecem sabem o quanto sou obcecado por esta doutrina, que libertou o homem para pensar, estabelecendo como dogma que a prioridade do Universo é o “homo sapiens”, que tem o direito de ser feliz. E não Deus.

Como ele nasceu em 1694, em Paris (França), vocês já podem constatar a época e o lugar turbulentos em que ele viveu, qual seja, nos anos que antecederam e sucederam à Revolução Francesa (14 de julho de 1789). A Europa toda era governada por reis absolutistas, apoiados pelo clero, ou Igreja Católica, que oprimiam os povos com pesados impostos e quase direito nenhum. Sob a ameaça do “Castigo Divino”, ou como se costuma dizer, da “Cruz e da Espada”.

Voltaire era conhecido por sua inteligência e senso de humor, na defesa das liberdades civis, inclusive a religiosa, e já defendia o “livre comércio”. Ele foi mais uma dentre as muitas figuras do Iluminismo cujas obras e ideias influenciaram pensadores importantes, tanto da Revolução Francesa quanto da Guerra da Independência Americana (04.07.1776). Escreveu cerca de setenta obras de literatura; romances, poemas, peças de teatro, científicas e históricas. Foi um defensor aberto das reformas sociais, apesar das rígidas leis de censura política e religiosa e suas severas punições para quem as infringisse.

Frequentemente dirigiu duras críticas aos reis absolutistas e aos privilégios da nobreza e do clero. Foi preso duas vezes. Para escapar de uma nova prisão, refugiou-se na Inglaterra, onde conheceu e passou a admirar as ideias políticas de outro grande Iluminista: John Locke. O conjunto de suas ideias constitui uma tendência de pensamento conhecida como “Liberalismo”. É dele a famosa frase: “Posso não concordar com o que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo”.

Cito aqui apenas algumas de suas obras mais famosas: “Zadig”; “O Mundo Como Está”; “Micrômegas”; “Cândido, ou O Otimismo”; e “O Ingênuo”. Agora não posso deixar de trazer o poema abaixo, escrito quando do “Terremoto de Lisboa”, ocorrido em 1755. Trata-se do dilema da “bondade de Deus” e a “existência do mal”. Algo que aflige as pessoas inteligentes, que não têm medo de pensar. Que não aceitam justificativas simplórias, incoerentes e não comprováveis cientificamente. Leia e reflita:

“Ou Deus quis impedir o mal e não pode, ou pode e não quis.
Ou mesmo nem quis e nem pode.
Se quis e não pode, não é Deus; se pode e não quis, não é bom.
Se quer e pode, qual a origem dos males?”