Vou contar uma história
Se for preciso assino
Isto foi lá no passado
Eu ainda era menino
Bastante me comoveu
Fato triste aconteceu
Com o seu Chico Faustino

Seu chico nosso vizinho
E também Dona Maria
Família Bastante pobre
Mais em sossego vivia
Tinham garotos pequenos
Fosse sol, chuva, sereno
Me faziam companhia

Com muita dificuldade
Adquiriram uma terneira
Com isso toda família
Ficou bastante faceira
Muita preocupação
Em conseguir a ração
E trata numa cocheira

De noite lá na cocheira
E de dia no gramado
Dava gosto de se ver
O zelo que era dado
Assim com todo carinho
Ia deixando os vizinhos
Bastante admirados

Certa noite a família
Toda sentada pra janta
O garoto deixa o prato
E falando se levanta
Pensei a semana inteira
Nossa vaca comedeira
Pode se chamar garganta

Da ideia do garoto
Toda família gostou
Deste momento em diante
De garganta se chamou
Com esta nova surpresa
A garganta com certeza
Também faceira ficou! Zelada a vaca garganta
Só engordava e crescia
E como sempre acontece
Ficou prenha, pegou cria
Mais surpresa acontecendo
Quem tava leite querendo
Foi motivo de alegria.

Já pensando em tirar leite
Com tudo preocupados
Uma vasilha e banquinho
Então foram preparados
Pro bezerro um buçalzinho
Feito com muito carinho
Também com zelo ajeitado

Daquela data em diante
A coisa só foi mudando
Pelo fim da gestação
Toda família esperando
Passa semana e mês
Até que chegou a vez
Nove meses se passando

Na ultima noite seu Chico
Foi olhar depois da janta
Para mais uma olhada
De madrugada levanta
Quando o dia amanheceu
Cena triste ele viveu
Estava morta a garganta!

A tristeza tomou conta
Seu Chico aborrecido
Dona Maria e as crianças
Quase perdendo o sentido
Os momentos de alegria
Acabaram nesse dia
E o sonho destruído!

Assim é a nossa vida
Sempre cheia de surpresa
Umas boas outras ruins
De alegria ou tristeza
Imaginando eu fico
Pra família do seu Chico
Das piores, com certeza!