Sob a luz das estrelas

Eu imagino o pavor do primata nos primórdios da humanidade. Sem conhecimento científico, à noite ele olhava para o Céu e via, embevecido, uma bola cor de prata. Às vezes ela se apresentava pela metade, noutras em um terço. Observava uma quantidade infinita de pequenos pontinhos brilhando e piscando. Vez que outra, um deles despencava e caía no vazio do firmamento. Eram a lua, uma miríade de estrelas e outros corpos celestes.

Dali a pouco a escuridão ia dando lugar a uma claridade tênue. Era a alva anunciando o amanhecer. A seguir, uma tonalidade cobre escura surgia no horizonte. Ia tornando-se mais clara, mais clara, até que aparecia uma luz intensa, de cor amarela ouro. Aos poucos aquela luz ia se transformando numa bola de fogo, que a tudo clareava e aquecia. Era o Sol. O astro rei. Tudo aquilo lhe fascinava, mas também lhe causava espanto e medo. Sem falar que ainda havia os ventos, as chuvas e a neve. O frio e o calor. Os trovões, os relâmpagos e os raios. “Mas que diabo de Mundo é este onde me largaram?” Pensava ele.

O homem primitivo, com o tempo, observou que tudo se movimentava. Os astros nunca estavam no mesmo lugar. Muito longe ainda do conhecimento científico, era de se esperar que ele interpretasse o Universo sob o aspecto místico. Via tudo sob o ângulo da feitiçaria, da magia e, por último, da religião. Para ele os astros eram divindades. Deveria então existir um deus.

Foram os filósofos gregos os primeiros a estudar a natureza usando a razão, e não a mística. Nascia a Ciência. Como ainda não tinham conhecimento científico, nem equipamentos adequados, iam tirando algumas conclusões equivocadas, o que é natural. Aristóteles, IV Séculos a. C., achava que a Terra era plana e ficava parada, sendo que o Sol e os demais planetas giravam em torno dela. A Terra era o centro o universo. Teoria geocêntrica.

A Igreja Católica apoiou esta tese. Se o homem era filho de Deus, nada mais coerente do que a Terra ser o centro do Universo. Nicolau Copérnico, no Séc. XV d.C. discordou e disse que o Sol era o centro do Universo. E que a Terra e os demais planetas giravam em torno dele. Teoria heliocêntrica. Como não provou isso matematicamente, a Igreja o tolerou. E logo ele morreu.

Galileu Galilei (1564/1642) inventou o Telescópio e observou os astros. Concluiu que Copérnico tinha razão. Mas teve que negar isso, para não ser executado pela Inquisição. Mesmo assim foi condenado pela Igreja à prisão perpétua domiciliar. Giordano Bruno (1548/1600) foi mais longe; descobriu que o Universo era Infinito. Não tinha centro nem lado, nem dentro e nem fora. E que o Sol era apenas o centro do Sistema Solar, e não do Universo. Disse a verdade, mas acabou morto na fogueira, condenado pela Igreja Católica.