Liberdade Religiosa

Eu costumo escrever minhas crônicas semanais às quintas-feiras pela manhã, para serem publicadas no dia seguinte, sempre às sextas-feiras. Pois bem, estava eu tranquilo, tomando o café da manhã com a Verinha, ontem, quinta-feira, dia 1º de abril, por sinal dia “Dia dos Bobos”, quando ouvi no radinho, sempre ligado, a notícia de que a Procuradoria Geral da República (PGR) tinha enviado ao STF (este todos sabem o quê é), pedido para suspender todos os decretos estaduais e municipais do País que proíbem a realização de missas e cultos em igrejas e templos por causa da Pandemia COVID.
Alega o Douto Procurador Augusto Arras, em seu arrazoado, que referidos decretos vão de encontro à Constituição Federal, a qual assegura a “Liberdade Religiosa”, e que as pessoas necessitam de “assistência espiritual” nestes momentos tão difíceis que estamos vivendo com a perda de parentes e amigos, e mais o medo de risco próprio, em função da famigerada Pandemia. Em outras palavras, pois é esta a interpretação que eu faço, as pessoas necessitam ir rezar e ouvir sermões dos sacerdotes que as confortem.
Eu tenho a mania de tirar minhas próprias conclusões ou, em outras palavras, “cutucar o diabo com vara curta”. Comecei com as minhas elucubrações: – Quando criança, assistido aulas de catecismo, que hoje chamam de catequese, me ensinaram que “Deus estava em toda parte”. Que a pessoa poderia orar em casa, sozinho em seu quarto, ao ar livre, enfim, em qualquer lugar, porque Deus e, consequentemente Jesus Cristo, que era seu filho e, ao mesmo tempo, o próprio Deus, era espírito e não matéria, e quê, portanto, era volátil.
Dentro da minha linha de raciocínio, nem sempre certa, concluí que as proibições de missas e cultos não representavam ofensas à liberdade religiosa, pois as pessoas podem rezar e pedir proteção onde quer que estejam, que Deus sempre as ouvirá. Até porque, é indiscutível que é melhor contar com a Ciência e a ajuda divina simultaneamente, do que apenas com uma, pois em reuniões coletivas talvez se consiga a ajuda de Deus, talvez, mas perde-se a recomendação da Ciência, que orienta no sentido de se evitar aglomerações.
A propósito, sempre que eu estou diante de casos de grandes desgraças ou quaisquer sofrimentos humanos, sejam de origem da vontade humana ou natural, eu lembro desse poema do filósofo iluminista Voltaire (21.11.1694/30.05.1778):
– “Ou Deus quis impedir o mal e não pode, ou pode e não quis/Ou mesmo nem quis e nem pode/Se quis e não pode não é Deus/Se pode e não quis não é bom/Se quer e pode, qual a origem de todos os males?
Agora, tirem suas próprias conclusões, porque eu vou abrir uma garrafa de vinho e por um bolero a tocar.