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UFSC testará cannabis em profissionais de saúde da linha frente do combate à Covid-19

Uma pesquisa inédita no Brasil irá recrutar voluntários entre profissionais de saúde em situação de estresse e ansiedade provocada pelo enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no último dia 29 de junho. Intitulado Impacto do óleo integral de ​cannabis na saúde mental de profissionais da linha de frente no combate à Covid-19, o projeto vai selecionar cerca de 300 participantes de todo o país entre médicos e enfermeiros envolvidos no atendimento de casos suspeitos e confirmados da doença.

Para Erik Amazonas de Almeida, professor responsável pela pesquisa, a iniciativa é importante para a construção de uma política pública que possa incorporar a planta como alternativa terapêutica às condições psíquicas e emotivas da população em geral. “Sendo já comprovadamente menos danosa do que o uso de quaisquer ansiolíticos ou antidepressivos atualmente empregados, uma confirmação da nossa hipótese de trabalho pode trazer o óleo de cannabis para o posto de medicamento preferencial para o alívio dos sintomas de ansiedade e transtornos do humor”, afirma.

O protocolo a ser utilizado no estudo será o teste duplo-cego, com os voluntários divididos em dois grupos. Metade irá tomar o óleo integral da erva e a outra metade, placebo. A medicação à base de cannabis será produzida pela Associação Brasileira de Apoio a Cannabis Esperança (Abrace), com sede em João Pessoa, na Paraíba. As inscrições ocorrem neste mês de julho (podem ser feitas neste link), e os testes clínicos devem iniciar em agosto.

Os participantes receberão um treinamento sobre o preenchimento do questionário da Escala Brasileira de Percepção do Estresse (BPSS) e sobre a condução do tratamento (dosagem, frequência, entre outros). O teste BPSS será aplicado antes do início do tratamento com cannabis ou placebo e será repetido mensalmente até o final do estudo. Os voluntários terão acompanhamento via telemedicina com médicos e psicólogos de uma equipe multidisciplinar ao longo de todo o processo.

Além do professor Erik Amazonas, do Departamento de Biociências e Saúde Única da UFSC – Campus Curitibanos, também integram o projeto: o professor Crysttian Arantes Paixão, do Departamento de Ciências Naturais e Sociais da UFSC – Campus Curitibanos; o professor Paulo César Trevisol Bittencourt, do Departamento de Clínica Médica da UFSC; as médicas autônomas Carolina Silva Chaves e Carolina Nocetti; o farmacêutico Murilo Chaves Gouvêa, da Abrace; e o psicólogo Anderson Matos.

O professor Paulo Bittencourt, além de ter atuado no desenho do estudo e na redação final, trabalhará no acompanhamento dos participantes, especialmente durante as fases de ajuste de dose das primeiras semanas (habitual na medicina canabinoide). Ele classifica o estudo como um marco na história da medicina nacional. “A cannabis é uma planta com potencial terapêutico fantástico e, através deste estudo, isso ficará evidente para a nossa sociedade, a qual ainda tem um discurso exageradamente conservador e ignora no óleo desta planta um aliado excelente para o enfrentamento das dificuldades psíquicas associadas a esta pandemia. Creio que isso ficará evidente ao final deste estudo”, avalia Bittencourt.

Erik Amazonas explica que o interesse por essa pesquisa surgiu desde a primeira notícia de uma possível pandemia de SARS-CoV2. “Em março, já havendo morte no Brasil, ficou mais evidente a necessidade de a comunidade científica avançar nos conhecimentos sobre os efeitos medicinais da maconha. Particularmente, acho um desperdício termos atravessado tantas epidemias sem darmos o devido espaço terapêutico para a cannabis. Então, urgência e importância se combinaram nesse cenário de pandemia atual”, ressalta.

Os organizadores esperam receber cerca de mil inscrições de voluntários para a pesquisa. As vagas serão preenchidas de acordo com critérios técnicos, sanitários e estatísticos, levando em conta o histórico de saúde do paciente, seu perfil sociodemográfico e seu grau de envolvimento no combate à pandemia. Grávidas, lactantes e pessoas com condições psiquiátricas pré-existentes não poderão se voluntariar. Os resultados serão apresentados à comunidade ao final do estudo. A previsão é que a publicação definitiva da conclusão da pesquisa seja realizada em março de 2021.

Maykon Oliveira/Jornalista da Agecom/UFSC

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