Tu não imaginas com que ansiedade eu espero este mês. Assim como a sexta-feira representa para mim um dia de alegria e de esperança, o setembro me dá a mesma sensação. Quando ele chega, como agora, o meu coração se enche de otimismo. Não há uma razão específica para isso. Ainda que chova ou faça frio.
É algo que está no ar. É um sentimento espontâneo. Pessoas mais sensatas hão de dizer que é frescura minha. Que os meses são iguais, que acontecimentos bons ou ruins ocorrem a qualquer época… E o diabo-a-quatro. Mas eu não ligo. Eu sou assim.
Não só eu sinto esta sensação. Se prestares bem atenção, constatarás que os pássaros também a sentem. Observa como eles estão assanhados, alvoroçados, cantando sem parar, voando de um lado para o outro. Repara a natureza, como ela também parece se alegrar. As flores vestindo suas cores exuberantes, exibindo-se ao Sol.
Olha com carinho as azaleias, mas não deixes de fazer o mesmo com as florezinhas silvestres. Deixa de lado por um momento algum compromisso que tenhas. Fecha os olhos. Respira! Ouve o ruído do vento nas folhagens e o alarido das crianças.
Fica assim por alguns segundos. Quem sabe minutos? Agora abre os olhos e vê descortinar-se à tua frente o maior espetáculo que existe: – A vida!
Há pessoas que não veem ou não sentem essas coisas. Talvez porque estejam com suas mentes e seus corações repletos de preocupações, ressentimentos ou até ódio.
Como se isso valesse a pena. De que adianta odiar? Querer se vingar? Chorar por alguém que não lhe quis? Que não lhe valorizou? Ou correr desesperadamente atrás de dinheiro? Assim como o inverno rigoroso já se foi, vamos considerar que coisas ruins que eventualmente vivenciamos também se foram.
Deixemos entrar um setembro ensolarado em nossas vidas, mentes e nossos corações. Não nos esqueçamos de que as flores, as borboletas coloridas e os pássaros, que tanto nos encantam, têm uma vida efêmera e fugaz.
E, no entanto, são alegres e felizes. Nós também temos uma vida curta e fujona, mas não por isso vamos deixar de nos alegrar como eles. Aqueles dias frios, chuvosos e nublados já se foram. Agora só depende de nós. A felicidade está em nossas mãos.
O clima ameno e a luminosidade intensa que ora se inicia evidentemente irão nos ajudar, mas também é necessário que nós nos ajudemos, tomando algumas precauções. Evitemos o convívio com pessoas muito sérias, brabas, pessimistas, fanáticas, politicamente corretas, rancorosas, vingativas, muito positivas (tipo “pão, pão, queijo, queijo”) ou materialistas demais.
Fujamos de gente transtornada como se fugíssemos do Diabo. Convivamos mais com as crianças. Vamos dar mais atenção, carinho e respeito aos idosos. Brincar e falar com os animaizinhos. Por que não? Não tenhamos receio de parecermos ridículo por valorizarmos as coisas simples.
Vamos amar mais. Ler, ouvir e recitar poesias. Jamais nos esqueçamos de ter sempre à mão: – Boas músicas, bons livros e uma taça de vinho. Eles podem nos salvar a vida.