O mercado hoje fala muito em produtividade. E de alguma forma esperamos que nossos filhos, alunos e professores sejam tão produtivos quanto os integrantes de uma corporação. Não acho justo, confesso. Mas entendo que se essa linguagem funciona, vamos utilizá-la.
Crianças em idade escolar basicamente deveriam ter duas responsabilidades: estudar e brincar. Essas duas demandas as levam a conhecer a si mesmos, depois ao seu entorno, e posteriormente, a entender o mundo em que estão inseridas.
Sendo assim, o dever da escola e da família é proporcionar espaços e tempos em que essas coisas possam acontecer. Seja com as mais variadas metodologias de ensino, seja com o acompanhamento de tarefas escolares, seja levando a museus, passeios, hortas, praças para conhecer e desbravar a diversidade desse mundão.
E o que temos feito nesse isolamento social tão necessário para o controle da pandemia? O inverso disso! Trancamos as crianças em casa, colocamos muitas delas em frente a telas para horas intermináveis de videoaulas ou folhas e mais folhas de lição. E agora? Como proporcionar espaço para o desenvolvimento dessa criança? Através de uma rotina! Sim, vou explicar melhor.
Já ouviu a frase “disciplina é liberdade”? Pois bem, a rotina pode ser uma gigante aliada nesse momento. Ela gera incômodos, questionamentos e confrontos, possibilitando a reflexão e o autoconhecimento. A tal liberdade da disciplina é isso, conhecer a si mesmo e controlar-se. Uma rotina clara, justificada e combinada com a criança pode ser o maior aliado para que ela tenha contato consigo mesma, descobrindo assim sua melhor versão.
E essa melhor versão vai poder se relacionar melhor com as horas de estudo autônomo em casa, com as restrições impostas pelo isolamento, e podendo, quando esse isolamento acabar, voltar para a rua, para a escola, com responsabilidade e autocontrole, habilidades essenciais para que todos, em segurança, possam retornar ao ambiente escolar.