Nessa semana saiu uma pesquisa global sobre a valorização do professor. E o Brasil está na última posição. Isso decepciona, mas não surpreende. A pesquisa, realizada pela Varkey Foundation, aponta que a valorização é proporcional ao salário e ao desempenho escolar dos alunos.
Quando pensamos em melhorias na educação, em valorização do professor, normalmente pensamos só no primeiro item, o salário. É como se houvesse uma generalização, um lugar comum no saber do brasileiro que associa a docência com baixos salários. Falar que é professor é sinônimo de receber um olhar condescendente, quase de dó, seguido de alguma frase de superação, de heroísmo.
Mas, não deveria ser assim. Ser professor não deveria ser ter que superar muitas adversidades que nada tem de docentes. A escola não deveria carregar consigo tantas responsabilidades sociais, e o professor não deveria carregar o fardo de resolver demandas que são da sociedade como um todo.
Uma associação percebida pela pesquisa foi a da desvalorização ser mais latente em países onde o lecionar é exercido majoritariamente por mulheres. Isso mostra um outro retrato do país, onde o trabalho doméstico, o trabalho de gerir um lar é invisibilizado. Segundo a fundação: “Estereótipos de gênero ou sexismo prejudicam o status do professor.
Essa descoberta coincide com o que outros estudos já mostraram, que o status das profissões e o valor médio dos salários tende a cair em áreas que são mais ocupadas por mulheres”.
Segundo estudo do Grupo de Pesquisa em Comportamento Político, da Universidade Federal da Paraíba, coordenado pela doutora em psicologia Ana Raquel Torres, há 16 vezes mais chances de encontrar um engenheiro do que uma engenheira. Mesmo se encontrada, a profissional será fadada a tarefas profissionais de menor importância, além de receber salários mais baixos -apesar de possuírem, em todos os níveis, mais escolaridade que os homens.
Não à toa temos altos índices de violência contra a mulher e de desrespeito aos professores. Ser mãe, dona de casa, professora, não deve ser visto como um ato de doação, de heroísmo, de altruísmo. Todas essas funções são nobres, e devem ser valorizadas com salários dignos, com reconhecimento e respeito da sociedade.