Aceita a tua humanidade
Chama muito a minha atenção a intensidade com que as pessoas buscam mensagens de autoajuda. Na Internet é o que mais se vê. Nas livrarias o que mais se vende são livros sobre o assunto. Quando eu era criança, e até à minha adolescência ,aqui no Brasil praticamente só se ouvia falar em Catolicismo. Nos demais países, cada um com a sua religião predominante: – Inglaterra a Anglicana; Alemanha a Luterana; Índia o Hinduísmo; Israel a Hebraica; os árabes com o Islamismo… E assim por diante.
Lembro que o culto do espiritismo ocorria quase que só na clandestinidade. As pessoas tinham medo ou vergonha de serem reconhecidas como espíritas, seja na Umbanda ou na Kardecista. A maçonaria, em que pese não seja especificamente uma religião, era totalmente fechada. Quem era maçom se escondia. Eles só se reconheciam, através de seus códigos secretos. Hoje proliferam por todos os cantos igrejas, templos e casas onde se praticam as mais variadas formas de religiões, crenças e filosofias. Ah! A maçonaria agora se popularizou, abrindo suas portas também aos “pobres mortais”.
Religiões, filosofias, misticismo e mensagens de autoajuda são o que mais se vê. Tudo porque a humanidade vive com medo, angustiada diante da sua realidade. Ora, somos apenas mais um animalzinho. Um bichinho frágil, rastejante, diante da infinita grandeza e complexidade do Universo.
Todavia pensamos e, por pensar, achávamos que seríamos dignos de melhor consideração por parte da natureza, ou por Deus. Ficamos prepotentes, achando quê, por pensar, somos superiores aos demais animais. Quá! Quá! Quá! Não aceitamos sofrer como eles as mazelas da vida; nascer, viver, adoecer e morrer. Não! Queremos ser imortais. Livres da “ira dos deuses”.
Vivemos correndo, atabalhoados, como ratos no porão ou no convés de um navio prestes a naufragar. Buscamos explicações para o inexplicável. Queremos na Terra a felicidade plena e, como se isso não bastasse, a vida eterna. Todo mundo dá palpite e chuta pra todo lado. Vejo algumas explicações estapafúrdias. Os fanáticos acreditam-nas, mas para mim, não passam de meras cogitações. O que todos buscam é um bálsamo para seus medos e angústias, em especial do que poderá existir do outro lado… Ou de nada existir.
Se eu vivesse agora na Idade Média ou Trevas (476d.C./1453d.C.), certamente seria queimado numa fogueira. Não que alguns não queiram fazer isso hoje. Alguém me pergunta: – “O que faço então E.T., filósofo de boteco?” E eu respondo: – “Sejas mais humano. Menos místico”. Humano no sentido de ser fraterno, não fazer mal a ninguém. Aceita, meu irmão, minha doce irmã, a realidade da vida. A tua humanidade. A tua fragilidade. Busca o conhecimento e a razão como filosofia de vida. Ama mais. Perdoa mais. Cobra menos. Valoriza cada segundo em que não sentires nenhuma dor. O resto é silêncio.