Prevenção e diagnóstico precoce seguem sendo fundamentais no processo de cura
Apesar de ser a segunda principal causa de mortes no mundo todo, com cerca de 10 milhões de casos por ano, o câncer é um problema de saúde que pode ser prevenido em um terço das situações. O Dia Nacional de Combate ao Câncer, comemorado em 27 de novembro, é uma data que busca conscientizar as pessoas sobre os fatores de risco da doença, as formas de prevenção e a importância do diagnóstico precoce.
O que aumenta o risco de uma pessoa ter câncer?
Não se sabe uma causa exata para que o câncer se desenvolva. No entanto, alguns aspectos ambientais e genéticos, isolados ou combinados entre si, contribuem com a possibilidade de uma pessoa saudável desenvolver uma doença. Por exemplo, excesso de álcool e tabagismo são importantes fatores de risco para os cânceres de boca. Da mesma forma, exposição solar sem proteção ou exposição a radiações contínuas podem ser responsáveis pelo aparecimento do câncer de pele.
Veja alguns fatores de risco para o câncer, que podem ser encontrados no ambiente físico, herdados ou resultado dos hábitos de uma pessoa:
Fatores de risco imutáveis
- Herança familiar – existem famílias com mais predisposição a desenvolver câncer. Possuir um ou mais familiares (principalmente de primeiro grau) que já tiveram a doença aumenta as chances de uma pessoa desenvolvê-la.
- Mutações genéticas – mutações genéticas são provenientes do nascimento ou geradas por situações do cotidiano – e podem ter relação com o aparecimento de alguns tipos de câncer. Por exemplo, a exposição ocupacional a alguns elementos químicos ou radiação.
- Idade – alguns tipos de câncer são comuns entre crianças, como a leucemia linfoide aguda, enquanto outros são mais comuns em idosos, como resultado de um processo cumulativo de fatores de risco durante a vida.
Fatores de risco mutáveis
- Contaminação ambiental – ar, solo e água contaminados com substâncias tóxicas, como gases, radiações e produtos químicos, aumentam os riscos de desenvolvimento de câncer nos habitantes da região.
- Dieta – uma alimentação com alto teor de gorduras insaturadas, açúcares e outras substâncias presentes em alimentos ultraprocessados podem desencadear câncer e obesidade, que também é fator de risco para complicações de alguns tumores.
- Doenças infecciosas – alguns agentes infecciosos como vírus e bactérias estão ligados a tipos de câncer. O papilomavírus humano (HPV), por exemplo, é causador do câncer de colo de útero em mulheres e do câncer de pênis em homens. Já o HIV, vírus causador da AIDS, pode ser responsável pelo desenvolvimento de câncer no sangue, enquanto os vírus das hepatites B e C podem causar câncer de fígado.
- Medicamentos – o uso excessivo ou contínuo de alguns remédios está ligado ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer. Alguns hormônios femininos presentes em contraceptivos ou no tratamento de reposição hormonal durante a menopausa podem favorecer o aparecimento de câncer de mama. O uso indiscriminado de testosterona e outros hormônios masculinos também estão ligados a casos de câncer de fígado.
- Tabagismo – o hábito de fumar não só cigarros, mas cachimbo, narguilé e quaisquer outros derivados do tabaco é um dos principais fatores de risco evitáveis para vários tipos de câncer, como o de pulmão.
- Consumo excessivo de bebidas alcoólicas – quanto maior a quantidade consumida ao longo da vida, maior o risco de desenvolver a doença. O álcool está relacionado, principalmente, aos cânceres de fígado, boca, laringe, faringe, estômago, cólon, mama, esôfago e rim.
O que você pode fazer para diminuir os riscos de desenvolver câncer?
Não fumar e evitar bebidas alcoólicas
Estes são uns dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de alguns dos cânceres mais incidentes na população. Os hábitos de fumar e consumir bebidas alcoólicas exageradamente, quando associados, aumentam em até 20 vezes as chances de desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço.
Alimentar-se de maneira saudável
O consumo excessivo de carnes vermelhas e/ou processadas e uma dieta pobre em fibras e vegetais estão associados a um risco elevado para câncer colorretal, de estômago e de nasofaringe. Invista em uma alimentação equilibrada, que inclua todos os grupos alimentares – proteínas magras, cereais e vegetais – e evite alimentos ultraprocessados e gordurosos.
Praticar exercícios físicos
Além de contribuir para a prevenção da obesidade, que está associada ao risco de alguns tipos de câncer e outras doenças crônicas, ser fisicamente ativo ajuda a reduzir as chances de desenvolver câncer colorretal, de mama e de endométrio. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda pelo menos 150 a 300 minutos de exercícios físicos de intensidade moderada a vigorosa, por semana, para todos os adultos, incluindo quem vive com doenças crônicas ou incapacidade, e cerca de 60 minutos por dia para crianças e adolescentes.
Fazer acompanhamento regular com médico
O combate ao câncer começa na prevenção e no diagnóstico precoce. A maioria dos cânceres não apresentam sintomas nos estágios iniciais, quando as chances de cura são maiores. Portanto, além de evitar os fatores de risco, ter acompanhamento médico regular é essencial para diagnosticar possíveis lesões pré-malignas – como algumas causadas pelo HPV, por exemplo – e tumores ainda assintomáticos. Alguns exames de rotina são essenciais para rastrear essas doenças, tais como:
- Papanicolau – recomendado a cada três anos (ou conforme orientação médica) para mulheres entre 25 e 64 anos, que já iniciaram atividade sexual;
- Mamografia – indicada anualmente para mulheres acima de 50 anos;
- Exame de toque retal – realizado anualmente em homens acima de 50 anos;
- Colonoscopia – recomendada para pessoas acima de 50 anos, conforme orientação médica.
Amamentar
O leite materno é um alimento saudável para o bebê, protege as crianças da obesidade infantil e diversas doenças. Além disso, o gesto de amamentar ajuda a prevenir o câncer de mama nas mães. O indicado é que a amamentação seja realizada até, pelo menos, os seis primeiros meses de vida do recém-nascido.
Evitar exposição excessiva ao sol
O câncer de pele é o mais incidente na população, correspondendo a cerca de 30% dos casos da doença. Esse tipo de tumor está diretamente relacionado à exposição aos raios ultravioleta do sol e até mesmo câmaras de bronzeamento artificial. Portanto, é necessário evitar a exposição a esse tipo de radiação e sempre usar protetor solar, chapéu e roupas de proteção ao tomar sol, evitando o período entre às 10 e 16 horas.
Vacinar-se
É possível se prevenir contra algumas das infecções que aumentam os riscos de desenvolver determinados tipos de câncer:
- HPV – Meninas de 9 a 14 anos e os meninos de 11 a 14 anos podem se vacinar pelo SUS. A vacina protege contra a maioria dos tipos de vírus responsáveis pelo câncer de colo de útero.
-
Hepatite B – jovens e adultos podem se vacinar contra o vírus pelo SUS, que pode causar complicações no fígado, incluindo o câncer.
Fonte : INCA