Nesta quarta-feira, 24 de outubro, o podcast Mixtura, transmitido pela rádio 102.9, recebeu a psicóloga clínica e especialista em saúde mental, Maria Terezinha Pereira, para uma conversa sobre temas relacionados à psicologia, com um enfoque especial no transtorno de ansiedade e seus impactos na vida adulta. A psicóloga compartilhou orientações valiosas sobre a importância do diagnóstico precoce, o tratamento adequado e as maneiras como a ansiedade pode se manifestar em diversos aspectos da vida cotidiana.
Durante a abertura da entrevista, Maria Terezinha destacou a relevância de discutir o tema, desejando uma tarde informativa a todos os ouvintes. O bate-papo abordou inicialmente o que caracteriza o transtorno de ansiedade. De acordo com a especialista, a condição é identificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma manifestação de medos e preocupações em excesso, que afetam o equilíbrio emocional e físico do indivíduo. Ela também ressaltou que os sintomas podem ir desde a perda do apetite até uma ansiedade severa que afeta o bem-estar mental, explicando que “a ansiedade, tanto pode fazer com que a pessoa coma demais quanto que deixe de comer.”
A psicóloga ainda pontuou que um dos maiores desafios enfrentados pelos ansiosos é o controle de sua rotina e ambiente. Segundo ela, pessoas com transtorno de ansiedade frequentemente são extremamente responsáveis e controladoras, características que, embora sejam positivas, podem contribuir para a exacerbação do transtorno. “Ansiedade é uma doença de gente boa,” afirmou Terezinha. “São pessoas de bom caráter e com uma necessidade de controle sobre o ambiente, tentando sempre se proteger dos perigos eminentes das situações.”
Ao longo da entrevista, Maria Terezinha discutiu também os impactos sociais e emocionais da ansiedade, como a dificuldade em lidar com a pressão financeira e com o estresse no trabalho, bem como o efeito que a convivência com pessoas altamente estressadas pode ter sobre indivíduos mais ansiosos. Segundo a psicóloga, essa exposição frequente pode levar ao desenvolvimento de sintomas de ansiedade, agravando o quadro para aqueles que já são predispostos a ele.
Para quem busca tratamento, Terezinha enfatizou a importância de um diagnóstico correto, recomendando que os ouvintes procurem psicólogos ou psiquiatras qualificados para avaliar a condição. Ela mencionou que, muitas vezes, o transtorno de ansiedade é confundido com outras condições, como a depressão, o que pode dificultar o tratamento adequado. “Muitas vezes, a pessoa ansiosa acaba paralizada, pois tem uma grande responsabilidade e uma baixa tolerância a erros, o que eleva os níveis de estresse,” explicou.
A especialista ofereceu ainda orientações práticas para quem convive com ansiedade. Ela sugeriu que as pessoas ansiosas tentem não absorver problemas alheios, buscando sempre lembrar que nem tudo está sob seu controle. “A ansiedade é alimentada por essa fantasia mental que nem sempre se realizará, mas que causa um desgaste emocional intenso”, comentou, ressaltando a importância de desmistificar o estigma de que a ansiedade é simplesmente uma ‘frescura’.
falou sobre a relação entre a ansiedade e os hormônios da felicidade: dopamina e serotonina. Durante a conversa, a especialista destacou a importância de entender como esses neurotransmissores influenciam nosso bem-estar emocional e físico. “Se a tua dopamina e serotonina estão baixas e eles são os hormônios da felicidade, o que vocês poderiam fazer para aumentá-los e, consequentemente, diminuir a ansiedade?” Com essa indagação, ela abriu espaço para reflexões sobre práticas simples que podem elevar esses níveis químicos e, assim, proporcionar uma sensação de felicidade.
A psicóloga então explicou que a felicidade é uma chave para aumentar esses hormônios: “Se ele é o hormônio da felicidade, o que aumenta a serotonina e a dopamina são os estados de felicidade. Eu vou procurar ser feliz. Eu vou procurar fazer coisas que me tornem feliz.” Enfatizou a simplicidade desse processo: “Automaticamente, eu aumento a minha dopamina, eu aumento a minha serotonina, e automaticamente a minha ansiedade tende a diminuir.
A especialista também comentou sobre a relação entre a ansiedade e a dor física, afirmando que “a ansiedade pode causar dores sim”. Ela explicou que a endorfina, um hormônio que atua como um analgésico natural, é impactada pela ansiedade. “A baixa da endorfina pode me transmitir dores pelo corpo. Então, se eu aumento a endorfina, eu vou melhorar,” disse Maria Terezinha.
A conversa seguiu para a ocitocina, conhecida como o “hormônio do amor”, que também desempenha um papel crucial na redução da ansiedade. “Como é que eu vou aumentar a minha ocitocina? Abraçar, beijar, fazer sexo, e praticar generosidade,” sugeriu a psicóloga. “Te doar para os outros, não ficar olhando só para ti, isso vai fazer com que tu aumentes essa tua ocitocina.” Maria Terezinha ainda alertou sobre os riscos elevados de cortisol, um hormônio relacionado ao estresse. “Quando fico irada ou irritada, eu aumento meu nível de cortisol, que pode trazer problemas cardíacos,” explicou, sublinhando como questões emocionais têm um reflexo direto na saúde física.
A entrevista foi encerrada com a promessa de que temas como ansiedade, depressão, e outras condições que impactam a saúde mental continuariam sendo abordados em futuros programas da rádio 102.9, com o objetivo de educar o público e quebrar o tabu em torno dos transtornos mentais. Para ouvir a conversa completa, os ouvintes podem acessar o aplicativo da rádio ou acompanhar as atualizações do podcast Mixtura nas redes sociais da 102.9.
Texto: Kamilly Schossler| Redação Portal Amorim