Ademir, que atua também como coordenador da gerência executiva do INSS e consultor interno, destacou como sua especialização em gestão previdenciária influenciou sua abordagem. “Essa formação me permitiu unir a teoria acadêmica à prática no dia a dia, essencial para criar cenários para o futuro da previdência. Estamos projetando o sistema para os próximos 1, 5 e até 10 anos”, explicou. Ele mencionou que, em seu trabalho de conclusão de curso em 2003, propôs um modelo de aposentadoria que equalizava a idade de aposentadoria entre homens e mulheres, sugerindo 60 anos para ambos, baseando-se na crescente participação feminina no mercado de trabalho e na diferença na expectativa de vida.
Ademir acredita que essa proposta, embora não tenha sido adotada na época, demonstra a importância de pensar adiante e adaptar o sistema às novas realidades sociais. “A expectativa de vida das mulheres é mais alta, e isso deve ser considerado nas políticas previdenciárias”, afirmou. Ele detalhou que, após a reforma de 2019, as regras para aposentadoria mudaram significativamente, estabelecendo 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, com exigência de 20 anos de contribuição para quem começou a contribuir após essa data.
Ele também discutiu os desafios enfrentados pelo INSS, que incluem a falta de servidores e a dispersão da legislação, o que dificulta o atendimento ao público. “Muitas vezes, o cidadão chega com problemas que não estão claros nas normativas. É preciso ‘apagar incêndios’ constantemente”, comentou. Ademir enfatizou a necessidade de uma gestão eficaz que considere as complexidades do sistema, citando que processos de aposentadoria podem demorar até um ano devido à burocracia e à necessidade de avaliações específicas, como laudos de insalubridade.
Ele esclareceu que, antes da reforma, as regras para aposentadoria eram menos rigorosas, permitindo que homens se aposentassem aos 65 anos e mulheres aos 60, com 15 anos de contribuição. Com a nova legislação, a carência se tornou um fator importante: “É essencial manter o pagamento em dia, pois mesmo com 15 anos de contribuição, o tempo de carência deve ser respeitado para que a aposentadoria seja concedida.”
Além de suas responsabilidades no INSS, Ademir coordena um projeto social voltado para o futebol, que atende crianças de 10 a 15 anos nas cidades de Balneário Gaivota, Sombrio, Santa Rosa, Jacinto Machado e Turvo. “O esporte é uma ferramenta poderosa para a inclusão e a formação de cidadãos. Através do futebol, conseguimos não só desenvolver habilidades, mas também valores essenciais como disciplina e trabalho em equipe”, destacou. Ele mencionou que o projeto participa de competições regionais e já conquistou várias vitórias, ressaltando o impacto positivo que a atividade esportiva pode ter na vida das crianças, ajudando a afastá-las de caminhos problemáticos.
Ademir também falou sobre o suporte de empresários locais, que têm contribuído com recursos para a realização de eventos e competições. “Quando as crianças têm acesso ao esporte, temos a oportunidade de tirá-las da ociosidade e direcioná-las para um futuro mais promissor”, comentou.
Em relação à atual greve parcial no INSS, Ademir reafirmou a importância do direito à greve, mas garantiu que a agência continua a atender o público. “Os serviços estão sendo realizados, e muitos deles podem ser acessados pelo aplicativo ‘Meu INSS’, que facilitou muito a vida do cidadão. Agora, é possível realizar diversas operações pelo celular, assim como em um banco”, explicou. Ele ressaltou que a digitalização dos serviços é um avanço significativo que ajuda a atender a demanda da população de forma mais eficiente.
Texto: Kamilly Schossler|Redação Portal Amorim