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BombeirosTragédia em Praia Grande reacende debate sobre regulamentação do balonismo no Brasil

Tragédia em Praia Grande reacende debate sobre regulamentação do balonismo no Brasil

Cidade catarinense é referência nacional no turismo de balonismo e nunca havia registrado mortes na atividade.

O que era para ser um voo turístico pelos céus de Praia Grande (SC) terminou em tragédia no último sábado (21), quando um balão de ar quente pegou fogo e caiu, provocando a morte de oito pessoas e deixando outros passageiros feridos. Este foi o primeiro acidente com vítimas fatais desde o início da prática de balonismo no município, em 2017, segundo a prefeitura.

Com cerca de 8,2 mil habitantes, Praia Grande é conhecida como a “Capital dos Cânions” e recebe turistas de todo o Brasil atraídos pelos voos sobre formações geológicas únicas da região Sul. A cidade realiza, em média, 600 voos por mês, totalizando mais de 7,5 mil por ano — e mais de 50 mil desde o início da atividade.

Segundo informações da Polícia Civil, o balão decolou por volta das 7h com 21 pessoas a bordo. Pouco depois da decolagem, ainda durante a subida, o cesto começou a pegar fogo. O extintor que estava dentro do balão não funcionou, segundo relato do piloto aos investigadores.

Na tentativa de evitar a tragédia, o piloto iniciou a descida, e 13 pessoas conseguiram saltar próximo ao solo, incluindo ele próprio. Com a redução de peso, a estrutura voltou a subir e, a cerca de 45 metros de altura, mais quatro vítimas pularam, mas não resistiram à queda. Outras quatro pessoas que permaneceram no cesto morreram carbonizadas, quando o balão caiu completamente em chamas.

A empresa responsável, Sobrevoar, operava voos turísticos desde setembro de 2024 e estava autorizada pela prefeitura. No entanto, como o balonismo é classificado como atividade aerodesportiva, os balões não precisam de certificação da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), o que significa que não há regulamentação técnica rígida para a operação desses voos.

Em nota, a ANAC afirmou que não há habilitação técnica obrigatória emitida pelo órgão para condução de balões e que a responsabilidade recai sobre os praticantes. A agência destacou que atividades aerodesportivas são consideradas de alto risco e que operadores podem ser responsabilizados caso coloquem terceiros em perigo.

O maçarico utilizado para iniciar a chama no balão pode ter sido a origem do incêndio, segundo depoimento do piloto. A Polícia Científica de Santa Catarina esteve no local para realizar a perícia, que deve esclarecer se houve falha humana, mecânica ou fatores climáticos agravantes. No momento do acidente, havia previsão de instabilidade no tempo, embora o céu estivesse claro.

O secretário de Turismo de Praia Grande, Henrique Maciel, lamentou o ocorrido, mas afirmou que o município segue comprometido com a segurança da atividade:

“São quase nove anos de balonismo na cidade. Esse foi o primeiro acidente com vítimas fatais. Ocorrências menores já aconteceram, como em qualquer atividade de aventura”.

A tragédia gerou forte comoção local e nacional, e reacende o debate sobre a falta de fiscalização e regulamentação técnica para o balonismo no Brasil, especialmente em destinos turísticos com grande volume de voos e passageiros.

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