Entenda mais sobre essa condição que pode causar inveja aos artistas
Embora o olho humano perceba três cores principais (vermelho, verde e azul), ele é capaz de combinar essas cores em aproximadamente 10 milhões de tons diferentes. Isso ocorre porque possuímos três canais de cor na retina. No entanto, há uma mutação genética especial que faz com que algumas mulheres consigam perceber até 100 milhões de cores.
Mas por que essa condição só acontece em mulheres? O artigo científico ‘Tetrachromacy: the mysterious case of extra-ordinary color vision’, publicado pela Universidade de Cambridge, nos oferece uma resposta para essa pergunta. De acordo com estudos sobre o tema, o tetracromatismo humano está ligado a algumas variações genéticas no cromossomo X, onde estão os genes que detectam as cores verde e vermelha.
Como, em geral, as mulheres portam dois cromossomos X, uma mutação pode fazer com que elas herdem até quatro versões diferentes desses genes. Então, em casos específicos, as mulheres nascem com quatro tipos diferentes de cones, em vez de apenas três. A estimativa é de que 12% das mulheres tenham essa mutação. Porém, mesmo que alguém tenha esse cone extra, ainda é necessário que ele seja sensível a um comprimento de onda diferente dos demais para poder enxergar as milhões de cores a mais.
A confirmação do tetracromatismo em humanos exige testes genéticos detalhados e experimentos práticos controlados. O caso registrado mais famoso é o da artista plástica australiana Concetta Antico, cujo tetracromatismo foi confirmado geneticamente e em testes práticos. Ela demonstra uma capacidade impressionante de distinguir cores em ambientes de baixa luminosidade ou que parecem idênticas para a maioria das pessoas. Mas, apesar de raro em humanos, o tetracromatismo é relativamente comum em outras espécies, sobretudo em algumas aves e animais marinhos, como os crustáceos estomatópodes (lacraias-do-mar), que têm impressionantes 16 tipos de cones.
Mariana Machado (Jornalismo)
