A crise no setor orizícola pressiona as indústrias catarinenses, que consideram insuficientes as medidas anunciadas pelo Governo Federal para reequilibrar o mercado. No fim de outubro, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) anunciou a compra de 137 mil toneladas de arroz, mas o SindArroz-SC (Sindicato das Indústrias de Arroz de Santa Catarina) afirma que a ação não resolve o problema estrutural do setor.
O presidente do SindArroz-SC, Walmir Rampinelli, manifestou preocupação com o futuro e o impacto da crise. “Somos responsáveis por 10% do abastecimento nacional e geramos 50 mil empregos, mas não temos expectativas de melhora da crise. As indústrias estão aguardando o fim do ano para dar férias coletivas aos colaboradores e realizar manutenções internas com o objetivo de frear os impactos da crise econômica, mas não há muito mais que possamos fazer se não esperar pelo próximo ano”, afirmou.
Crítica à compra e soluções para o estoque
Para o vice-presidente do SindArroz-SC, Diogénes Mendes, a compra da Conab é válida apenas como medida emergencial. “A ação é válida como medida emergencial, mas não resolve o problema estrutural do setor, uma vez que o estoque público pode retornar ao mercado em momentos inadequados e prejudicar a recuperação de preços, como já vimos acontecer. A Conab deveria concentrar esforços em mecanismos de incentivo ao comércio exterior para abrir espaço no mercado brasileiro e equilibrar a oferta do cereal, ao invés de focar apenas em compras internas que não resolvem o problema de estoque”, apontou.
O presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC), Vanir Zanatta, reforçou que o volume comprado pela Conab é baixo. “O mercado sabe que comprar 100 ou 200 mil toneladas de arroz não muda o estoque de passagem, por isso o preço continua perdido. O Governo deveria concentrar esforços em operações voltadas ao escoamento acima de um milhão de toneladas de arroz para o comércio exterior para que o mercado brasileiro se reajuste próximo ao preço mínimo de produção, em vez de focar apenas em compras internas que não resolvem o problema de estoque”, destacou Zanatta.
Proposta de exportação e alto custo
As indústrias defendem que a melhor alternativa é escoar o produto armazenado para fora do Brasil, utilizando programas federais já existentes, como o Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) e o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro).
Rampinelli frisou que os altos custos de produção no país exigem o apoio ao escoamento. “O custo de produção de arroz no Brasil é um dos mais altos do mundo devido aos tributos em cascata sobre os insumos utilizados e mesmo assim os produtores estão tendo que vender seu trabalho abaixo do custo de produção. É necessário investir em mecanismos de escoamento de produto, pois a base da cadeia produtiva está ficando descapitalizada”, concluiu o presidente do SindArroz-SC.
Atualmente, a saca de 50 kg de arroz está sendo comercializada a R$ 55 em Santa Catarina, valor muito abaixo do custo de produção, que é de cerca de R$ 75.












