O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, declarou que o objetivo do país é ambicioso: consolidar no Brasil a maior rede pública de prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer do mundo. A declaração foi feita no encerramento do seminário internacional Controle do Câncer no Século 21, realizado na última sexta-feira (28) no Rio de Janeiro.
O evento, promovido pelo Centro de Estudos Estratégicos (CEE/Fiocruz), reuniu especialistas nacionais e internacionais para discutir estratégias de enfrentamento da doença em países de renda média.
Desafio e compromisso global
Padilha destacou a responsabilidade do Brasil em reduzir as mortes pela doença. “Sabemos que, embora os países de renda média como o Brasil não tenham a maior incidência de câncer, são responsáveis por cerca de 70% das mortes pela doença no mundo. Então, temos a responsabilidade de reduzir a incidência de novos casos e a prevalência de câncer, assim como o esforço de encurtar o período para começar o diagnóstico, acelerar o tratamento e incorporar o que temos de melhor nessa tecnologia”, disse o ministro.
Em nome da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a diretora da Iarc/OMS, Elisabete Weiderpass, entregou a Padilha o Código Latino-Americano e Caribenho contra o Câncer (LAC Code), um documento com 17 recomendações científicas para a prevenção da doença.
Foco na atenção primária e humanização
O seminário rompeu a tradição de focar apenas em alta tecnologia e tratamentos de alto custo, trazendo debates sobre o papel da Atenção Primária à Saúde, comunicação e educação.
José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde e coordenador do evento, celebrou a mudança de foco. “A concepção do evento foi bem debatida, com muitas ideias inovadoras. Tentamos fazer alguma coisa diferente, rompendo um pouco a tradição no campo do câncer, onde se discutem novas drogas, tecnologias disruptivas e tratamentos de altíssimo custo. Discutimos esses temas, mas também trouxemos os debates para novos campos, como o papel da atenção primária, a comunicação e a educação e formação de profissionais de saúde. O resultado transcendeu nossas expectativas”, apontou Temporão, que foi homenageado com uma placa pelo evento.
Luiz Antonio Santini, ex-diretor do Inca e co-coordenador do evento, elogiou a qualidade das discussões. “As apresentações contribuíram para mostrar os desafios globais que existem no controle do câncer. Os debates foram ricos e os seminários cumpriram seus objetivos”, considerou.
O pesquisador Alessandro Jatobá destacou a qualidade da organização, realizada por “gigantes” como Santini e Temporão. “Sempre cito o Centro de Estudos Estratégicos como um lugar genuíno. Poucos locais têm capacidade de reunir gigantes como Santini e Temporão. Considero-me um privilegiado por estar perto desses gigantes”, completou.
O diretor-geral do Inca, Roberto Gil, propôs que o próximo seminário seja realizado daqui a dois anos, junto com a celebração dos 90 anos do Instituto.












