A 1ª Semana da Economia Brasileira teve início nesta segunda-feira (1º) no Rio de Janeiro, reunindo acadêmicos e economistas para debater os principais avanços e desafios da economia do país nos últimos 40 anos, desde a retomada da democracia. O diretor de Planejamento e Relações Institucionais do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Nelson Barbosa, foi o responsável pela abertura do evento.
Barbosa destacou à Agência Brasil, a importância de o debate não se limitar ao cenário atual, mas sim reconhecer a trajetória de superação do país. “Se você ficar focado só no curto prazo, deixa de olhar principalmente os avanços que temos feito nos últimos 40 anos,” afirmou.
O fórum, que se estenderá até o dia 5, revisitará crises históricas — desde a dívida externa e a alta da inflação até a estabilização, passando por períodos de crescimento com distribuição de renda.
Conquistas sociais e o desafio da desigualdade
Nelson Barbosa enfatizou as conquistas estruturais do Brasil nos últimos 40 anos, que proporcionaram uma base para o desenvolvimento: “O Brasil conseguiu estabilizar e fazer a evolução, disse Barbosa. Conseguimos reduzir a pobreza, criar o sistema de saúde pública universal, em um país de mais de 100 milhões de habitantes. Temos uma rede de transferência de renda que ajuda no combate à pobreza e nos períodos de crise, como na pandemia de covid-19. E hoje estamos no debate tradicional de todas as democracias, que é o debate fiscal”.
Apesar dos avanços, o diretor apontou que a desigualdade e a necessidade de uma política tributária progressista continuam sendo o maior desafio nacional. “O Brasil é um dos países mais desenvolvidos do mundo. E em países com o grau de desigualdade que temos, a solução óbvia para reequilibrar o orçamento é uma política tributária progressista,” disse.
Citando o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, Barbosa reforçou que o desenvolvimento deve ser para todos. “Não é para 30%, não é para uma minoria, tem que ser para todos. Temos que superar o desafio de crescimento com inclusão.”
Novos desafios do século 21
O diretor alertou que os desafios atuais exigem reflexão e consenso institucional. Entre eles, a mudança climática e a necessidade de uma transição energética. “O risco é muito grande, o investimento é muito grande, o tempo necessário é muito”, disse, reforçando a importância de reconstruir as florestas.
Outro ponto levantado é o desafio demográfico e o impacto da Inteligência Artificial (IA) no mercado de trabalho. Barbosa destacou a necessidade de o país se inserir na nova divisão internacional de trabalho. “Com novas tecnologias de inteligência artificial mudando a realidade da nossa vida, é preciso gerar emprego de qualidade. É a empregabilidade que faz milhões de pessoas. Essas mudanças estão ocorrendo em todos os países. E temos que saber como o Brasil vai se inserir nessa nova tecnologia, nessa nova divisão de trabalho, nessa nova forma de organização da economia internacional.”
A ideia de fazer o evento, segundo Barbosa, surgiu do trabalho do banco de financiamento. Ele defendeu o debate aberto: “Tudo na vida tem risco, inclusive não fazer nada. Precisamos discutir quais são os desafios e, principalmente, ouvir os professores, os pesquisadores,” concluiu.












