A graça do palhaço, mantida em meio à sentença de morte

Noi Claus nasceu Elenor de Almeida, há 41 anos, em Canoas, é formado em Teologia, escritor, fundador dos Doutores da Graça e Doutores em Rede, pastor na Igreja do Mover Viamão, implantador do projeto na nossa região, capacitando os Doutores da Vida SC Sul, de Sombrio e os Infusores da Alegria, que atuam em Turvo, Timbé do Sul, Araranguá e região, vem contar pouco da sua história de superação de vida.

Ele sempre atuou no meio artístico como colunista de sites, fazia teatro, mas chegou determinado momento e conheceu a ferramenta do palhaço e a capacidade de agente de humanização dentro de ambientes como hospitais, casas de acolhida, presídios e casas de passagem.

Foi, por dois anos diretor artístico de uma ONG, de onde saiu e fundou o projeto Doutores da Graça Sul, um grupo de doutores palhaços humanizados que faz visitas periódicas nos três hospitais da cidade de Canoas, hoje com 25 voluntários.

“Devido grande êxito nesse projeto, desenvolvi outro projeto chamado Doutores em Rede, que treina, nas cidades interessadas, novos voluntários, com três dias de curso e visita prática”. “Inclusive, temos aqui em Sombrio, o Doutores da Vida, coordenado pela Dirlene de Oliveira. Hoje temos equipes na região Sul do Brasil e em Moçambique. Ao todo, somos mais de 950 palhaços”, diz.

O leitor pode pensar que essa é só mais uma história de sucesso, mas “no final de 2017 um médico especialista gastrointestinal, ao analisar alguns exames detonou uma bomba: naquela imagem fria e cinzenta, um tumor de pâncreas (…) tens de 3 a 6 meses. É o câncer mais agressivo que existe.

Na volta da clínica, a Cibele, minha esposa, chorava muito. Tanto que eu sequer podia ouvir a minha voz. Enfim, nossos planos haviam acabado”, lembra. “Mas, eu ainda não sabia, estavam apenas começando”.
Noi passou por cirurgia e ainda passa por sessões dolorosas de quimioterapia.

Mudança

“São dias de guerra em meio a dias de paz”. Nesses quatro anos, Noi aprendeu a valorizar ainda mais as pessoas, cuidar ainda mais da família e viver todos os dias com alegria nos lábios pois se considera um privilegiado.

Os médicos, desde oncologistas a cirurgiões não conseguem encontrar razão científica para que ainda esteja vivo tanto tempo, sem nenhuma metástase, caso raro na medicina mundial. “Mas eu sei. O motivo é Deus. A capacidade do alcance e conforto do seu infinito amor, o cuidado que ele tem com aqueles que depositam suas fraquezas e confianças nEle”, define.

“Quero que quem leia essa entrevista se anime a confiar em Deus, a não ter medo de viver o milagre da vida. Sei que nada está a nosso favor, humanamente falando inclusive na luta contra esse vírus que anda por aí.

Não, ainda não fui curado do câncer de pâncreas, tenho muita luta pela frente, mas fui curado do medo e ativado em Deus para ter uma vida de ousadia. Se é medo que te atrapalha aproxime-se de Deus e confie nEle pela fé

Antes de acabar a entrevista, quero deixar um beijo na ponta do nariz dos Doutores da Vida de Sombrio, a quem amo profundamente, a todos os Doutores da Graça e Doutores em Rede”, finaliza.

Quem conhece

Aí, fomos conversar com alguém que conheça o Noi mais de perto. Quem nos recebeu foi Jenifer Yasmin Gerhardt, uma das coordenadoras do Doutores em Rede e Doutores da Graça: “Conheço ele há três anos, desde que entrei para a trupe dos Doutores, mas parece que faz vinte anos. Ele é um cara incrível, um pastor e um palhaço único, é um paizão, que eu amo muito. Extremamente amoroso, sensível, dramático e inteligente, o Noi é um grande propagador do evangelho, que me ensina, todos os dias a ter sabedoria. Além de eu poder servir ao lado dele, é uma bênção estar com ele e fazer parte de tudo isso”, diz.