Ainda é cedo para uma avaliação definitiva sobre os resultados da regionalização e compartilhamento de decisões em Santa Catarina. Ocorre que as regras de administração regional de medidas de enfrentamento ao covid-19 foram emitidas pela portaria 464/2020 no dia 03 de julho (sexta-feira passada). A AMESC (Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense) se mantém conectada com a FECAM (Federação Catarinense dos Municípios) e em consonância com os trabalhos da CCIR (Comissão Intergestores Regional Saúde).
De acordo com o gerente executivo da AMESC, Moacir Mario Rovaris, há no cenário catarinense um panorama de diversidade regional no perfil comportamental da pandemia. “A FECAM reconhece que os dados indicam agravamento da situação. Fomos informados que este quadro, corroborado por números, se validam diante de diversos sinais reais: há crescimento da ocupação de leitos de UTI, há aumento de casos em todas as regiões, há resistência de parte da população ao isolamento social, há eventos clandestinos. De modo geral, devemos admitir que a reabertura de atividades econômicas e a redução da adesão social a atitudes de isolamento podem se configurar em elementos que colaboram na ampliação da contaminação. É uma equação difícil que depende de cumprimento de regras de isolamento, esforço para manutenção segura de atividades essenciais e a inexorável existência e difusão do vírus”.
Nesta quarta-feira (08), acontecerá nova atualização dos dados de cenário estadual. Será necessário observar as novas informações contidas neste banco de dados. Todavia, a FECAM reconhece que há fortes evidências e preocupações sobre o crescimento de casos e internações. O boletim epidemiológico da AMESC aponta que no dia 1 de julho havia 441 casos e no dia 6 de julho atingiu-se 506 casos nos 15 municípios (o boletim é publicado no site da associação). A sociedade catarinense deverá se preparar para novas medidas de constrição social, que podem ensejar redução de atividades econômicas e públicas. Os órgãos de controle público devem aprofundar o acompanhamento sobre as gestões administrativas na medida que a pandemia se alastra. Os próximos dias sugerem aumento de restrições e exigências e podem avançar para medidas mais drásticas, como aplicação de multas.
O presidente da AMESC, prefeito de Balneário Gaivota, Ronaldo Pereira da Silva, observa que há uma grande preocupação dos gestores públicos diante da responsabilidade das vidas humanas. “Há um intenso debate das pessoas sobre o que se está vivendo, mas os gestores têm uma encargo enorme diante de toda a legislação, e esta situação está dentro das esferas de responsabilidades. Há um grande caminho e análise ao qual a federação tem ajudado a ver as diferenças e semelhanças em nosso estado em busca das melhores soluções”.
A FECAM e o sistema municipalista catarinense se preparam para enfrentar semanas muito difíceis. Há sinais inequívocos de alastramento da pandemia e ampliação da contaminação. Este cenário sugere preocupações permanentes com a capacidade da infraestrutura em saúde disponível, podendo levar em direção a novo ciclo de restrições de atividades. Em plano vital, os administradores municipais se defrontam com a difícil tarefa de colaborar na administração da pandemia e limitação da atividade de circulação humana enquanto tentam salvar empregos e as cadeias econômicas. As próximas semanas exigirão muito apoio social e disciplina. Na mesma esteira, o Sistema se prepara para um longo período onde a limitação de circulação social precisará conviver com a lenta, gradativa e responsável retomada de atividades sociais e econômicas. Uma tarefa social gigante que o mundo precisará construir com determinação.
A regionalização não é uma tarefa fácil. Ela exige experimentar modos ainda não praticados. Requer enfrentar dinâmicas regionais da doença que são rápidas, diversas, complexas e que precisam ser permanentemente entendidas e atualizadas. Compartilhar tarefas de gestão de administração da pandemia é responsabilidade de todos. Do estado e dos municípios.