Para os judeus, é uma data para as pessoas acordarem para a vida e para o real propósito da existência
A humanidade teve um início, e ele foi há exatos 5.782 anos, completados neste 6 de setembro, segundo a cultura judaica. A data, chamada Rosh Hashaná, comemora o ano-novo do calendário judaico. “É o dia 1º, que começa hoje no pôr do sol. Foi nesta data que Deus criou a humanidade, a partir de Adão e Eva”, explica à Agência Brasil o rabino Sany Sonnenreich.
“Nesta data comemoramos a criação do ser humano. O propósito do universo é o ser humano desempenhando o seu papel na Terra. Deus, nesse dia, avalia a humanidade que ele criou e o que ela faz com a vida que ganhou de presente”, acrescentou, referindo-se ao Rosh Hashaná, termo que significa “cabeça do ano”.
Para os judeus, é uma data para as pessoas acordarem para a vida e para o real propósito da existência, mostrando a Deus as coisas que realmente são importantes na vida terrena, em meio ao desafio de se cumprir missões coletivas e pessoais. “O que Deus quer de nós é o amor. E isso se demonstra com gestos e pensamentos”, disse.
Sonnenreich explica que a base do judaísmo é “amar ao próximo como a si mesmo”. “Você jamais conseguirá amar ao outro se você, antes, não se amar. O mesmo se aplica a Deus. Quanto maior meu conhecimento sobre minha essência, mais eu vou me amar e, consequentemente, amar a Deus. Por isso, o conhecimento, o estudo e a preparação são a chave para se abrir todas as portas”, completou.
Introspecção
O festejo para esta data é carregado de elementos simbólicos, tanto nos alimentos quanto nos objetos que integram o ambiente e a cerimônia. “Muitas pessoas erroneamente associam o Rosh Hashaná à visão comum que se tem de réveillon, com bebidas e baladas. Não é o caso. É um momento de introspecção; de vivência familiar, rezas e reflexão. De uma análise que determinará o rumo do ano que se inicia”.
Durante os dez dias de celebração, iniciados no pôr do sol de hoje, os judeus vão a sinagogas para rezas especiais em celebração à data. “Abraçamos o dia como uma audiência particular entre nós e o Grande Rei. Os dois primeiros dias são como bolha onde esquecemos de tudo e mergulhamos de cabeça em uma proximidade única, que determinará tudo que acontecerá conosco no ano que se inicia”.
Coroação
Um hábito praticado durante essas cerimônias é o de tocar um instrumento fabricado a partir do chifre de animais como carneiros, chamado shofar – Rosh Hashaná é também conhecido como o dia do toque do shofar.
“O som do shofar lembra a coroação de um rei. Como não existe rei sem povo, estamos coroando Deus como rei do universo e de nossas vidas”, disse ele referindo-se ao instrumento comumente tocado nas sinagogas durante o festejo.
Em casa, as famílias costumam preparar refeições especiais com peixes e alimentos à base de mel e maçãs. “Muitos são os doces servidos, para que também seja doce o ano que está chegando. Pão de mel, bolo de mel e maçã com mel são tradicionais. Para o prato principal, o peixe é o escolhido, e vem acompanhado de saladas e receitas típicas judaicas”.