Levantamento revela que apenas 7 de quase 7 mil emendas focaram na reconstrução do estado após as enchentes
Um estudo divulgado pelo Centro de Estudos de Reparação e Recuperação da FGV Projetos revelou um dado alarmante: menos de 0,1% das emendas parlamentares editadas em 2024 foram destinadas à recuperação das áreas atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
Das 6.990 emendas parlamentares feitas no ano, apenas sete foram diretamente voltadas à reconstrução do estado, que viveu uma das maiores tragédias climáticas de sua história em maio de 2024.
Ao todo, o Rio Grande do Sul recebeu R$ 260 milhões em emendas — o equivalente a 0,58% dos R$ 44,8 bilhões empenhados no país. No entanto, apenas R$ 4,4 milhões foram, de fato, direcionados a ações relacionadas aos danos causados pelas enchentes — ou seja, menos de 0,01% do total.
Quatro emendas foram destinadas à defesa civil (R$ 1,6 milhão), e as outras três dividiram-se da seguinte forma:
R$ 1 milhão para assistência hospitalar emergencial;
R$ 1,3 milhão para reparo de elevadores do IFRS danificados pela enchente;
R$ 500 mil que, apesar da destinação original para ajuda humanitária, foram usados para pagamento de dívidas.
A tragédia deixou 184 mortos e mais de 25 desaparecidos, afetando praticamente todos os municípios gaúchos. Porto Alegre registrou a maior cheia do Guaíba já registrada, alcançando 5,37 metros em 5 de maio.
Apesar da grande mobilização popular e de voluntários em todo o país, o levantamento acende um alerta sobre a falta de prioridade orçamentária para a recuperação do estado.