A onda de calor que atinge o Brasil desde a semana do Natal segue elevando as temperaturas no Rio de Janeiro, São Paulo e em outros seis estados das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, com previsão de persistir até a próxima segunda-feira (29). Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as áreas afetadas estão sob aviso vermelho de grande perigo, com registros de até 5 °C acima da média por mais de cinco dias consecutivos, o que representa risco elevado à vida.
Segundo a Agência Brasil, o aumento das temperaturas extremas, intensificado pelas mudanças climáticas provocadas pela ação humana, exige cuidados redobrados com a saúde. De acordo com o clínico geral e coordenador do Pronto Atendimento do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, Luiz Fernando Penna, o calor excessivo pode levar o organismo à chamada falência térmica, uma emergência médica grave.
Esse quadro é caracterizado por sintomas como confusão mental, pele quente e seca e temperatura corporal acima de 40 °C. Diante desses sinais, a orientação é buscar atendimento médico imediato, pois o risco de colapso do organismo é alto.
Para o especialista, os efeitos do calor intenso ainda são subestimados pela população. Embora muitos associem as altas temperaturas apenas a mal-estar, o cenário pode evoluir para quedas de pressão, desidratação severa e falência térmica, especialmente quando os mecanismos naturais do corpo entram em sobrecarga.
Em dias muito quentes, o organismo passa a trabalhar no limite, aumentando a sudorese, acelerando os batimentos cardíacos e dilatando os vasos sanguíneos. No entanto, esses recursos têm limites e, quando falham, o corpo perde a capacidade de regular a própria temperatura.
O calor extremo também agrava condições pré-existentes, como hipertensão, insuficiência cardíaca, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica (Dpoc) e doença renal crônica. Além disso, pessoas que fazem uso de medicamentos como diuréticos, anti-hipertensivos, antidepressivos, anticolinérgicos e antipsicóticos devem redobrar a atenção, já que essas substâncias podem interferir na regulação térmica do organismo.
Outro impacto frequente das altas temperaturas é a piora da qualidade do sono, o que afeta diretamente o humor, aumenta a irritabilidade e reduz a produtividade, comprometendo a memória e a tomada de decisões.
Para reduzir os riscos, os especialistas reforçam que apenas beber água não é suficiente. É fundamental evitar a exposição ao sol entre 10h e 16h, usar roupas leves e claras, permanecer em locais ventilados e evitar atividades físicas nos períodos mais quentes do dia. Trabalhadores que não podem fugir do calor, como os da construção civil, entregadores e coletores de lixo, devem fazer pausas frequentes.
Segundo Penna, não existe adaptação completa a ondas de calor intensas e recorrentes. Em temperaturas acima de 35 °C, especialmente com alta umidade, o corpo humano já não consegue funcionar adequadamente. Reconhecer os sinais iniciais de exaustão térmica e evitar situações de risco é essencial para prevenir consequências mais graves.












