Eu sempre gostei de lima
Lembro bem que no passado
Meu pai tinha umas limeiras
No terreiro bem cercado
Era bonita se ver
Vindo da fruta comer
Pessoas de todos lados.

Aquele cartão postal
Muita gente visitou
Para arrumação meu pai
As limeiras derrubou
Concordo que foi preciso
Mas veio o prejuízo
Bastante me chateou.

Do outro lado da mata
Tinha lá outra limeiras
O dono chato ficava
Em casa a semana inteira
Não dava para entrar
E se ousasse tentar
Estava feita a sujeira!

Eu era garoto novo
Todo cheio de mania
As vezes tarde da noite
La pela mata eu ia
Pulava a cerca por cima
Colhia um pouco de lima
Enquanto o dono dormia.

Eu fazendo coisa errada
O tempo ia passando
Como em tudo acontece
As coisas foram mudando
O pomar trocou de dono
As limeiras em abandono
Que acabaram secando.

Quando a gaiteiro dorme
A gente fica sem dança
E assim fiquei sem lima
E deixei de ser criança
Aquele tempo maldoso
Também bastante gostoso
Só tenho agora a lembrança.

E com passar do tempo
Fiquei adulto casei
Construí uma família
E muito bem eduquei
Mesmo ficando sem lima
Fui caprichando na rima
E de morada troquei.

Moro perto da cidade
Tenho bastante amigos
Trago sempre em lembrança
Aquele pomar antigo
Aquelas horas preciosas
Comendo limas gostosa
Tento esquecer, não consigo!

Bete que é minha filha
No serviço ela é parceira
Pra fazer uma surpresa
Inventou uma maneira
Muito bem ela escolheu
Comprou e depois me deu
Uma muda de limeira.

Com todo zelo plantei
Num espaço do quintal
E fui dando para ele
Um cuidado especial
Cada hora, cada dia
Vigoroso ele crescia
Coisa fora do normal.

Todos os dias eu saio
Para dar uma distraída
Em uma desta eu tive
Outra surpresa vivida
No pé de lima cheguei
Maravilhado notei
Minha limeira florida!

E assim eu vou vivendo
Aquilo que vem de cima
Cuidando do meu pomar
Também fazendo as rimas
Amando aquilo que vem
E não demora também
Eu volto a comer lima!