A Comissão de Agricultura e Política Rural recebeu, nessa terça-feira (30), representantes da Epagri, Cidasc e Secretaria de Estado da Agricultura para discutir estratégias sobre como manter o estado de Santa Catarina livre de febre aftosa
Durante a reunião, foi realizado o 6º Fórum Catarinense de Prevenção à Febre Aftosa, com palestras que abordaram os temas: “A importância das certificações sanitárias na visão do produtor rural”, “O agronegócio catarinense: uma visão da importância da sanidade sob o aspecto econômico”, e “Atualização cadastral: a participação do produtor rural nas ações de defesa sanitária animal”.
Santa Catarina é pioneira no combate e erradicação da febre aftosa sem vacinação. Os pecuaristas do estado não vacinam seus rebanhos desde o ano 2000, recebendo o reconhecimento internacional de área livre sem vacinação para a doença pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), em 2007.
Desde a suspensão da vacina, o estado se consolidou como grande produtor e exportador de carnes, com acesso aos mercados mais exigentes do mundo. Atualmente, a produção catarinense é comercializada em mais de 150 países e os embarques de produtos de origem animal respondem a 38% de todo o comércio internacional.
A presidente da Cidasc, Celles Regina de Mattos, lembrou que a certificação mudou os rumos da história de Santa Catarina e comemorou os 17 anos do reconhecimento internacional, recebido em 25 de maio de 2007. “A jornada dessa conquista, que é de conhecimento dos mais experientes, e que precisa ser contada aos mais jovens, vem de muito tempo, antes de 1965, ano em que a Lei nº 3783 tornou obrigatório o combate à doença no estado”.
O agronegócio catarinense: uma visão da importância da sanidade sob o aspecto econômico
Jorge Luiz de Lima, diretor executivo do SindCarne/SC, apresentou números relativos à produção e exportação de aves e suínos. Segundo ele, o número de aves abatidas no estado é gigantesco. “A cada dois dias, são abatidas, aproximadamente, 7 milhões de aves, o que corresponde ao número da população de Santa Catarina”.
Já o número de suínos abatidos diariamente é de, aproximadamente, 34 mil.
Sobre a importância do certificado sanitário, Lima destacou que o estado é o segundo do país em produção, com 21%, e o segundo em exportação, com 24%. “Por vezes aconteceu de nós passarmos o Paraná na exportação, então ficamos trocando de posição, não na produção porque eles são muito maiores, mas na exportação”.
O diretor informou, também, que, em relação à suinocultura, Santa Catarina é o primeiro produtor do Brasil, responsável por 51% de toda a produção nacional e o primeiro exportador, com 57% de todo o volume no Brasil.
Em relação ao tamanho e à representatividade do setor, o estado gera mais de 60 mil empregos na agroindústria, recebendo colaboração, inclusive, de imigrantes, como haitianos e venezuelanos, e mais de 480 mil postos de trabalho, diretos e indiretos. Entre integrados e cooperados, são mais de 19 mil famílias produtoras de aves, suínos e ovos.
A representatividade no Produto Interno Bruto (PIB) do setor chega a 31%, com uma geração de movimento econômico de mais de R$7 bilhões.
Os certificados, nesse contexto, possibilitam a garantia de exportação e a movimentação econômica dos municípios catarinenses, dos produtores e de toda a cadeia produtiva, conforme Lima.
Atualização cadastral e participação do produtor rural nas ações de defesa sanitária animal
Diego Rodrigo Torres Severo, diretor de Defesa Agropecuária da Cidasc, pontuou que a participação do produtor nas ações de defesa sanitária animal é uma ferramenta nova, fruto de mais uma parceria entre o setor público e o privado.
Conforme Diego, a atualização cadastral vai servir como uma base para que a Cidasc possa conhecer e desenvolver todas as ações necessárias a serem desempenhadas futuramente pelo setor de defesa agropecuária.
“A campanha de atualização dos canais de agropecuária da Cidasc é uma campanha que está sendo lançada e vai ter uma duração de dois meses. Primeiramente, para fazermos as primeiras avaliações de como está o nosso cadastro agropecuário. Esse cadastro agropecuário nada mais é do que um conjunto de elementos necessários para a organização de informações com fins de atenção à sanidade agropecuária.”
O diretor explicou que o cadastro é tão importante para a defesa interna, quanto para defesa sanitária vegetal e para a inspeção de produtos de origem animal. “O lançamento, agora, é somente para a parte animal, mas futuramente vamos tocar também as outras ações de defesa agropecuária da Cidasc. Ele é composto basicamente por cadastro de proprietários e produtores. Isso é bastante importante em qualquer tomada de ações. Os cadastros de todos os estabelecimentos agropecuários, sejam eles grandes, pequenos ou até mesmo locais de criação de animais, tudo tem importância.”
E destacou, ainda, que, com a questão da influenza aviária, qualquer criatório por menor que seja tem importância para a defesa da sanidade animal. “Temos aterros sanitários, que podem ser locais de criatório irregular de animais, então podemos ter, aí, transmissões bastante importantes como vírus suínos e febre aftosa. O cadastro de morcegos, que são sugadores de sangue, também faz parte de um cadastro agropecuário.”












