Livro descoberto no século XIX foi escrito por volta de 2000 a.C.
O ser humano sente a necessidade de registrar e preservar conhecimentos há muitos milênios. Os primeiros registros desse anseio, reconhecidos pelos historiadores, são as tabuletas de escrita cuneiforme, criadas pelos sumérios por volta de 3.200 a.C. No século XIX, durante escavações arqueológicas na antiga cidade de Nínive, pesquisadores encontraram o livro mais antigo do mundo: a Epopeia de Gilgamesh.
A Epopeia de Gilgamesh é um poema mesopotâmico com narrativa épica que imortaliza os feitos de Gilgamesh, o rei de Uruk, que viveu por volta de 2700 a.C., e sua intensa busca pela imortalidade. Reverenciada como a mais antiga obra literária da humanidade, a epopeia oferece um vislumbre sobre a cultura e as crenças de um povo remoto.
Composição da epopeia
O “livro” consiste em doze tábuas de argila com escrita cuneiforme, cada uma gravada com cerca de trezentos versos. A árdua tarefa de traduzir os escritos antigos de uma língua morta foi realizada por Henry Rawlinson e George Smith, durante a segunda metade do século XIX. A primeira publicação abrangente e clara do texto foi realizada por Campbell Thompson em 1928, tornando a epopeia mais acessível ao público.
De acordo com a plataforma World History Encyclopedia (WHE), o épico foi escrito por volta de 1300-1000 a.C por Shin-Leqi-Unninni (que pode ser traduzido como “Deus da Lua, aceita meu apelo”). A popularidade da Epopeia de Gilgamesh e da transmissão oral da história pode ser confirmada pela descoberta de inúmeras traduções e adaptações que floresceram a partir da narrativa original.
Quem é o Gilgamesh da história?
A história contida nas tábuas narra a jornada do rei de Uruk, Gilgamesh, um homem formado por dois terços de divindade e um terço de humanidade. No início, ele é um governante opressor, que forma uma amizade com Enkidu. Juntos, eles desafiam os deuses, o que leva à morte de Enkidu e impulsiona Gilgamesh em uma busca angustiante pela imortalidade.
Sua busca o leva a Utnapishtim, um herói lendário que alcançou a imortalidade ao sobreviver a um grande dilúvio (em paralelo com os textos bíblicos), que lhe oferece uma chance de vida eterna. No entanto, Gilgamesh não consegue cumprir as condições impostas para atingir o objetivo. Em um último esforço, ele mergulha no oceano em busca de uma planta mágica que promete a imortalidade, mas acaba perdendo-a no caminho de volta para casa, destinado à mortalidade.
Mariana Machado (Jornalismo)