Atavismos
Lembra-te de quando éramos pequenos e incomodávamos nossas mães, fazendo molecagem? Elas gritavam: – “Não sei por quem esta criança foi puxar”! Inconscientemente, num momento de desabafo, estavam se referindo ao atavismo, fator importante na formação do caráter de cada um de nós. Atavismo é uma ou mais características genéticas que herdemos de nossos ascendentes, recentes ou remotos. Assim, quando cometíamos algo errado, inusitado, fora dos padrões comportamentais de nossos pais e outros parentes, elas ficavam brabas e, como forma de nos xingar, queriam dizer que éramos diferentes da família. Uma “ovelha negra”.
Não me refiro só a coisas ruins, mas a todo e qualquer tipo de caracteres e comportamentos. Por exemplo, pode, de repente, numa família surgir um gênio da música, sem nunca ter havido um músico naquele grupo familiar. O atavismo é muito frequente nas características físicas, como, por exemplo, a cor dos olhos. Pode numa família de pessoas que só tenham olhos escuros, nascer alguém com olhos azuis. Isto não é motivo para te preocupar, meu irmão, nem matar a tua mulher. Pode ter existido entre teus antepassados, ou dela, alguém com olhos azuis.
Quando temos nossos filhos ou netos, ficamos preocupados por eles não fazerem aquilo que gostaríamos. Insistimos, cobrando-lhes para que estudem, para que se dediquem não só ao ensino convencional, como também a áreas específicas, seja profissional, esportiva ou artística, do nosso gosto. E quando eles não fazem o que queremos, nos desesperamos, achando que eles não vão ser nada na vida. É bom ir devagar nessas horas. Quem sabe os jovens tenham dons mais voltados para outras áreas de conhecimento ou habilidade. Assim, é melhor sentar e conversar com eles. Às vezes imaginamos estar ajudando-lhes, mas estamos é lhes prejudicando.
Quanto ao caráter, nem sempre o indivíduo herda características boas. Ele pode trazer consigo, por exemplo, uma boa dose de maldade e violência que seus pais e avós não tinham, entretanto ascendentes mais remotos sim. Daí ele é uma pessoa de má índole, e ninguém sabe o porquê. Vale também para a inteligência. Algumas crianças têm mais facilidade para aprender determinadas coisas, mas para outras não. Aqui então entra a psicologia. Cabe aos pais, professores e demais responsáveis, enfim, a todas as pessoas de boa vontade que se relacionam e amam seus jovens, saber avaliar e educá-los dentro de suas aptidões e de uma filosofia de humanidade, carinho e compreensão, Procurando saber do que o jovem gosta.
Obrigar uma criança, um jovem ou qualquer pessoa a estudar ou fazer algo de que não gosta é improdutivo e prejudicial. Além da enorme dificuldade em aprender e a executar, este indivíduo vai se violentar, podendo, no futuro, se tornar uma pessoa triste, revoltada ou até agressiva. Vindo a cometer, quem sabe, atos violentos contra si própria, contra quem lhe levou a este destino fatídico ou até mesmo contra quem nada teve a ver com isso.