Eu e os livros
No dia 23 de abril foi comemorado o “Dia Internacional do Livro”, que teve origem na Catalunha (Espanha). Foi escolhida esta data em homenagem ao grande escritor espanhol Miguel de Cervantes, autor da obra prima “Dom Quixote”, falecido neste dia, em 1616. Eu aproveito esta oportunidade para narrar aos meus queridos leitores como nasceu e se criou em mim a grande paixão pelos livros.
Aos quatro anos iniciei nas revistas de histórias em quadrinhos. Nós guris de meados do Século XX as chamávamos de “gibis”. Eu só admirava as imagens, mas ficava curioso para saber o que estava escrito dentro daqueles balões sobre as cabeças dos personagens. Eu ainda não sabia ler. Quando aprendi a ler ingressei na literatura, juntando as imagens com textos. Comecei também a ver filmes. A maioria era falado em inglês e, portanto, legendado. Isto me obrigou a aprender a ler com velocidade. O que muito me ajudou na literatura.
Aos dez anos comecei a ler uma revista mensal denominada “Seleções”, que publicava crônicas, contos e livros resumidos. Textos curtos e escritos numa linguagem simples, de fácil compreensão. Aos doze anos, fui trabalhar no Sindicato dos Empregados no Comércio de Porto Alegre. Para sorte minha, havia lá uma excelente biblioteca. Foi quando conheci livros de verdade, de ótimos escritores, alguns até conhecidos como os clássicos. Como eu já vinha de um bom condicionamento com leituras mais simples, não me foi difícil assimilar obras de melhor qualidade e textos longos.
Eu tenho uma imaginação muito fértil. E aqui está o âmago da questão de alguém gostar de ler, ou não. Só gostará de ler o indivíduo dotado de muita sensibilidade e imaginação, pois, é difícil alguém extrair sentimento e emoção de um aglomerado de letrinhas impressas num papel. A bem da verdade, o cara tem que ser meio, ou completamente, louco… Como eu. Fiquei fissurado. Já li “toneladas” de livros. Outro detalhe que muito me ajuda é a insônia. Eu não sofro dela, eu sinto prazer em tê-la, pois foram nas madrugadas que eu li muito, como ainda hoje. Desde adolescente sou assim.
Acho difícil que crianças e adolescentes de hoje venham a gostar, sentir prazer, de ler. Atualmente existem opções mais sedutoras, agradáveis, sofisticadas e de fácil entendimento, como é o caso do celular. Não de cultura, é claro. Isso é triste, mas é a realidade. O livro agoniza na UTI. Alguns leitores sobreviventes, teimosos, como eu, ainda insistem em ler. O que espero fazer até morrer.
O livro ou o autor preferido é uma questão de gosto. Mas só adquire-se gosto com a prática. Ler exige também um razoável conhecimento do vocabulário e capacidade e de interpretação (Hermenêutica). Alguns livros eu só consegui entender graças aos dicionários, inclusive de tradução. Não saio daqui sem te dizer o melhor livro que li na minha vida: “Os Miseráveis”, do escritor francês Victor Hugo. Não te permitas morrer sem lê-lo.