Louco não se ataca
Adoro aforismos, ou ditados. São aquelas frases populares centenárias, algumas até milenares, que ninguém sabe quem foram os autores, os primeiros a dizê-las ou a escrevê-las. Repletas de sabedoria. A filosofia popular nunca falha. Hoje eu trago “Louco não se ataca, a gente corre junto”. Se tiveres um pouco de paciência fica aqui, talvez ela ainda venha a te ser útil ou, quem sabe, até salvar a tua vida.
Muita gente acaba sofrendo simplesmente por não ter respeitado uma regrinha tão simples. Consiste no seguinte: todos nós temos relações humanas e públicas diariamente com os mais variados tipos de pessoas. As humanas são aquelas entre pessoas dentro de um grupo restrito, como o familiar ou num ambiente de trabalho ou de escola. São relações internas.
As relações públicas são entre pessoas jurídicas, privadas ou públicas, entre si. Mas sempre envolve pessoas humanas como seus representantes. Um exemplo é quando uma professora fala com os pais de um aluno, ambas as partes não estão negociando uma relação humana pessoal ou particular, mas sim pública. Outro exemplo forte de pública é a relação entre estados.
O ideal seria que as relações interpessoais, familiares, profissionais, particulares ou públicas em suas negociações, fossem sempre conduzidas de forma educada e respeitosa. Diplomática, eu diria. Cada parte exporia suas razões e procurassem uma solução pacífica que beneficiasse ambas. Ocorre, porém, que nem sempre é assim, pois existem pessoas transtornadas, agressivas, perturbadas, intransigentes, intolerantes e grosseiras, enfim, “loucas”.
É aqui que entra o aforismo a que me refiro, qual seja o de que “louco não se ataca, a gente corre junto”. Quando o destino nos coloca em rota de colisão com esse tipo de pessoa (louca), precisamos ter muita calma e sabedoria, sob pena de transformarmos uma negociação em um conflito. Casamentos poderiam ser salvos. Inimizades entre irmãos evitadas. Brigas entre amigos, vizinhos, no trânsito ou em festas, muitas vezes com mortos e feridos não ocorreriam.
Quando batemos de frente, no mesmo nível de caráter dessas pessoas, ou até em nível mais baixo, é que acontecem os maiores problemas e, muitas vezes, tragédias. O que poderia ser resolvido com uma pequena concessão, um fazer de conta que não entendeu, ou que não viu. Um simples pedido de desculpas, enfim. Não! Agimos com violência excessiva. O sábio aceita sofrer um prejuízo inexpressivo, um pequeno desaforo ou ofensa que lhe foram dirigidos. A maioria dos conflitos poderia ser resolvida ali mesmo se, pelo menos, uma das partes agisse com calma. Caso contrário, a questão poderá ser decidida na polícia, na justiça, num hospital ou num cemitério. Além de se conseguir um ou mais inimigos para o resto da vida. Assim, se te defrontares com um louco, não o ataca, corre junto. Ficou claro?