O mistério da vida
Sabes por que eu acho fascinante viver? Porque a vida não tem explicação. Acho que deve ser aterrador para as pessoas que gostam de explicação para tudo viver a vida que vivemos. Desde criança eu busco a razão da nossa existência. E quanto mais estudo e penso, parece que menos progrido. Às vezes vou formando um raciocínio lógico, e quase chego lá. Mas, de repente, um acontecimento qualquer faz o meu castelo de areia desabar. Então, ao invés de me desesperar, rio de mim e das minhas limitações.
A esta altura sei que já tem gente querendo me jogar pedras. Pessoas mais inteligentes do que eu certamente já encontraram suas explicações. Daí estão tranquilos. Acontece que, sempre que eu tomo conhecimento de suas respostas, nenhuma delas me satisfaz. Acho-as simples demais, algumas ingênuas, como acreditar no imponderável. As questões que me atormentam o espírito e para as quais procuro respostas tornam-se cada vez mais complexas na medida em que o meu conhecimento racional avança. Para começar, eu gostaria de saber por que nascemos numa determinada família, e não noutra. Ou, nascemos num determinado tempo e lugar, e não noutro.
Conhecendo a história como conhecemos, sabemos dos erros já cometidos pela humanidade. As guerras, por exemplo. No início da civilização era aceitável que os homens guerreassem para conseguir sobreviver. Os recursos eram escassos, então havia necessidade de se eliminar outros povos, a fim de se apropriar dos despojos de guerra, ou seja, de seus bens humanos e materiais. Não havia ainda o mínimo sentimento de respeito ao próximo. O que me intriga é que, mesmo com o decorrer do tempo, com toda a evolução havida no campo da inteligência humana e até mesmo com o surgimento das religiões, as guerras e as barbáries continuam acontecendo até hoje. O sofrimento e a crueldade cada vez mais intensos.
E a maldade humana? Por que razão ela não desaparece ou diminui? Por que ainda vemos todos os dias noticiários de acontecimentos que nos apavoram. O espaço aqui não me permite enumerá-los, mas como estou escrevendo para pessoas inteligentes e bem informadas, é desnecessário. Cada um sabe de uma ou mais situações. Não estou me referindo da pequena maldade humana, como sentimentos de antipatia, ciúmes ou inveja. Refiro-me às agressões covardes, cruéis e diabólicas, como os feminicídios, infanticídios e pedofilia, só para exemplificar.
Por que esses contrastes tão intensos entre pobreza e riqueza. Qual o motivo da infinita grandeza do Universo? Qual a razão da falta de solidariedade entre os humanos? Afinal de contas, quem somos nós? De onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos depois da morte? Ninguém sabe. Mas não penses que sou infeliz. Adoro a vida bem como ela é. Toda essa complexidade e mistérios me fascinam. Olho tudo com o olhar da criança ingênua que sou. Levanto os olhos para o Céu e vejo que alguém está rindo de mim. Ah! Mas esse alguém pode esperar, um dia iremos conversar de perto. Porque tudo isso eu quero saber.