Para ler na praia
Olá! Não importa em qual praia estás. Praia é praia. Já paraste para pensar por que a gente vai até elas? Certamente agora, neste exato momento, deve ter vindo a tua mente vários motivos. Enquanto a tua inteligência os processa, até eleger o principal, eu vou te dizer o que eu acho. A razão maior pela qual se vai à beira-mar é a sensação de liberdade. Este sentimento todos temos, em que pese alguns não o percebam. Depois vem o resto o quê, aliás, varia de pessoa para pessoa.
Observa por ti próprio, na tua maneira de se vestir por exemplo. Desde as primeiras horas da manhã, pés descalços, chinelo de dedos ou o tênis. Depois: o calção, o biquíni, o shorts, a bermuda e por aí a fora. As roupas são usadas com irreverência. Não se tem hora pra nada. Nós homens deixamos a barba por três, quatro ou mais dias. Quem as têm demoram mais para apará-las. As mulheres se descontraem, deixando os cabelos em desalinho. As maquiagens deixadas de lado ou usadas com parcimônia. Muitas não sabem, mas isso as deixa mais naturais, mais soltas e bonitas. Talvez pela forma espontânea com que agem.
Existe um milhão de coisas que as pessoas podem fazer na praia, de acordo com o gosto e a vontade de cada um. Mas eu não posso deixar de te dar uma dica, já que não tenho nada pra fazer mesmo. E tu não tens nada a perder. Na vida há momentos em que todos nós precisamos ficar um pouco sós. Ou melhor, sós com os nossos pensamentos, o que já é muito. Refletir. Botar as ideias em ordem. E nada melhor para isso do que contemplar a natureza.
E elementos da natureza são o que as praias mais têm. Basta chegar à beira-mar e sentir o sol, olhar o céu azul, observar a extensão das areias e a água do mar. Ouça o rumor das ondas e observe a sua movimentação. Agora, pare um pouco e pense quantas vidas já se passaram; bilhões de pessoas nasceram e outro tanto já morreram. Amores, amizades, alegrias, tristezas, vitórias, derrotas, intrigas, decepções e sofrimentos aconteceram… E terminaram. Enquanto isso, as ondas sempre no seu movimento, incessante de vai e vem. Indiferentes a tudo isso.
Melhor ainda é fazer caminhadas. Com todo o cuidado, é claro, porque os tempos são perigosos, melhor procurar fazê-lo em lugares ermos. Não te preocupes, não enlouqueceste não, porque te pegarás, às vezes, falando em voz alta, rindo ou, que sabe, chorando… Sozinho. Se tiveres oportunidade, procure ruas e lugares desertos, para que tenhas o prazer de conviver intimamente com as plantas e flores silvestres. Dá atenção especial e carinhosa a elas. Observa-lhes a simplicidade e a ternura que irradiam. Ah! Não te esqueças de olhar e ouvir os pássaros. Não menospreze os animaizinhos rasteiros, tais como sapos ou lagartixas. Coitados, nem sempre são bonitos, mas são tão inofensivos. Eles têm mais medo de ti, do que tu deles. Não consigo evitar, meus olhos se enchem de lágrimas. Ao voltares para casa, sentiras que ficaste um pouco melhor do que antes. Experimenta!