Revolução Militar de 1964
Em 1935 aconteceu no Rio de Janeiro a “Intentona Comunista”, uma revolução armada contra o governo Getúlio Vargas, por um grupo de militares, com apoio do Partido Comunista Brasileiro, de Luís Carlos Prestes e da própria Rússia (vide Olga Benário). Morreram mais de uma centena de militares. Alguns até, dizem, foram executados dormindo no quartel. Desde então o socialismo e o comunismo são repelidos radicalmente pelas Forças Armadas e pela grande maioria do povo brasileiro.
Jânio Quadros foi eleito e renunciou no mesmo (1961). Deveria substituí-lo seu vice, João Goulart (C.F. 1946). Este encontrava-se na China Comunista. Os militares, acusando Jango de ser comunista, impediram-no de assumir. Isto provocou o “Movimento da Legalidade”, liderado por Leonel Brizola, seu cunhado. Houve então um acordo e foi criado o regime parlamentarista, com a promessa de que haveria um plebiscito no futuro. Jango assumiu como presidente, mas apenas como Chefe-de-Estado. “Governava, mas não mandava”. Os militares aceitaram meio a contragosto.
Em 1963, houve o tal plebiscito e o povo optou pela volta do regime presidencialista. João Goulart assumiu, então, a presidência. Durante seu governo tornaram-se aparentes vários problemas estruturais e econômicos na política brasileira, acumulados desde o suicídio de Getúlio Vargas (1954) e pelas disputas de natureza internacional, no âmbito da “Guerra Fria”, o que desestabilizou o seu governo.
No dia 13.03.1964, aconteceu o “Comício da Central do Brasil” no RJ, Jango decretou a nacionalização das refinarias privadas de petróleo e a desapropriação, para fins de reforma agrária, de propriedades às margens de ferrovias e rodovias. Brizola defendeu o fechamento do Congresso Nacional e a instalação de uma assembleia nacional constituinte, integrada por “camponeses, operários e sargentos”.
A oposição militar ao governo cresceu, especialmente a partir de 25 de março, com a rebelião dos marinheiros, amotinados no Sindicato dos Metalúrgicos do RJ. Fuzileiros navais, enviados ao local para prender os rebelados, aderiram à revolta. A quebra da hierarquia e da disciplina na Marinha foi um argumento decisivo em favor do “golpe militar”. Houve também reação por parte de setores conservadores da sociedade civil, das Forças Armadas e do alto clero da Igreja Católica (vide Marcha da Família com Deus pela Liberdade), apoiados pelo Estados Unidos, ao temor de que o Brasil viesse a se transformar em uma ditadura comunista como Cuba.
O Brasil passou a viver momentos conturbados. Greves, passeatas, “quebra-quebras”, inflação alta e falta de alimentos. As Forças Armadas resolveram intervir, assumindo o poder em 31 de março de 1964. Ocorreu intensa repressão, a fim de efetivar o Governo Militar. Houve reação, claro. Estudantes, sindicalistas, militantes e simpatizantes de esquerda, inclusive com o apoio militar de Cuba, cometeram vários atos violentos, como assaltos a bancos, sequestro de diplomatas e luta armada. Havia violência de ambas as partes. O Governo Militar consolidou-se por 20 anos, até que decidiu devolver pacificamente o poder à Sociedade Civil. Não havia santo de nenhum lado. Nas guerras não existem santos. Ah! Em 1964 eu era soldado do Exército.