Eu participo de alguns grupos de estudo, e recentemente uma educadora muito, muito generosa provocou uma reflexão sobre um texto que contava a história de uma águia criada como galinha. Em um grande e quase desleal resumo: a águia se comportava como galinha, afinal era a única realidade que ela conhecia. Ao ser estimulada a voar, não o fazia, voltava para o chão e ficava a ciscar, até que depois de vários estímulos repetidos ela acaba descobrindo que pode abrir as asas, e sai a voar.
A reflexão é sobre a escola, sobre nossa responsabilidade em perceber as potências dos alunos, fazer com que saibam que podem voar. Mas também é sobre segurança, sobre manter por perto, sobre nossas necessidades mais íntimas.
Também conversei com pessoas nesta semana, em virtude do segundo turno das eleições aqui em São Paulo, cidade onde vivo. E pude perceber como a história da água e da galinha se reflete no cotidiano das pessoas mais simples. Sem encontrar outras formas de ser, muitos deixam de voar. De explorar seus maiores potenciais, suas melhores habilidades.
Enquanto professora isso me tocou muito, e estou a refletir tanto sobre as minhas práticas individuais, quanto sobre as práticas educacionais como um todo. Nós nos ouvimos? Ouvimos nossos colegas professores? Ouvimos nossos alunos e alunas? Ouvimos as famílias? Somos ouvidos pela comunidade na qual a escola está inserida? Tenho sido inclinada a acreditar que não. São alunos desmotivados, famílias alheias, professores esgotados. E presos nesse ciclo, não sobra espaço para ninguém voar.
Como podemos então modificar esse cenário, que indiscutivelmente está presente em todos os lares e famílias? Aplicando a escuta ativa, a empatia e a tolerância. Essa última anda bem em falta, mas tenho certeza que ainda há tempo para recuperá-la! Conto com você, assim como você pode contar comigo.