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DIA DAS MÃES: Maior que gerar um filho é ser mãe

Raquel é casada com Pedro Júlio Formolo e esse ano o casal completa 17 anos de união. Raquel é portadora de diabetes tipo 1, o que eleva consideravelmente os riscos de aborto ou malformação dos bebês, além de acarretar problemas sérios à gestante. A doença era um impeditivo para que o casal tivesse filhos biológicos. Mas o desejo de ser mãe, para Raquel, era maior que a doença.
“Há nove anos, eu engravidei. Consegui segurar o bebê até o terceiro mês da gestação, quando em um acidente de carro, um veículo cortou a minha frente, causando uma forte batida. Instantaneamente eu perdi o bebê. Sangrei na hora”, conta. “Tive que fazer uma curetagem – um procedimento realizado pelo ginecologista com o objetivo de limpar o útero através da remoção de restos de um aborto incompleto -, mas entendi que Deus sempre tem a boa, perfeita e agradável vontade”, lembra.
A partir daí, o medo era presente na vida de Raquel. “Tinha muito medo de engravidar novamente”, declara. O casal foi a Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, em um médico especializado, que diagnosticou a impossibilidade da geração de um filho biológico. A criança ou a gestante poderiam ter sérios problemas. O casal decidiu agir com cautela e responsabilidade e começaram a pensar e ingressar na fila da adoção. Raquel conta que o desejo de adotar veio mesmo antes do de engravidar porém, não era desejo de seu esposo.
Com 18 anos de casamento, Júlio, convivendo com a frustração da esposa em não poder ser mãe, decidiu entrar, com ela, na fila da adoção. Depois de dois anos e nove meses veio a boa notícia. “Nós estávamos no Giassi. Era próximo da Páscoa e, na fila, eu avistei a assistente social do Fórum de Sombrio. Ela estava na fila e eu cheguei nela. Ela estava com seus dois filhos… cada vez que eu via uma mãe com filhos, me emocionava demais”, lembra.
Questionando a assistente social, Raquel ouviu a seguinte pergunta: “Como é que vocês preencheram no cadastro?” Muitas vezes, o preenchimento do cadastro do casal e as exigências ao adotar é que determinam a velocidade do andamento da fila e o tempo de espera pela criança. Elas conversaram mais um pouco e Raquel foi informada que na comarca de Lages, haviam cinco irmãos esperando por uma nova família. Por serem cinco, a Justiça permitiu a adoção casada, com as meninas (três, quatro e seis anos) para uma família e para a outra família um menino de oito anos e uma menina de um ano e meio.
“Guarda minhas filhas”, disse Raquel. “Isso era uma quarta-feira, e eu deveria ir ao Fórum somente na segunda, mas já contei pra todo mundo, pulava, ria, tinha certeza de que daria tudo certo”, comemora. Até a outra terça-feira, o casal recebeu fotos das meninas “nos apaixonamos, choramos, eram crianças muito parecidas conosco”.
A assistente social de Lages já recomendou ao casal que deveriam providenciar cadeirinhas de transporte para que trouxessem para Sombrio as três crianças. “Mesmo não acreditando que nosso sonho estivesse tão próximo, enchemos o carro de cadeirinhas, compramos roupas e fomos pra Lages”. Raquel recorda que no trajeto, pararam para lanchar, sonhar e fazer planos.
Com a chegada das crianças, Raquel enche os olhos de lágrimas ao contar “eu estava na fila, prestes a parir trigêmeos de idades diferentes e, de repente ouço a mais velha me chamando de mãe Raquel e as três já vieram se pendurar em mim”, conta. “A viagem de retorno a Sombrio parecia um sonho, eu estava meio atordoada com a velocidade que as coisas aconteceram. Chegamos em casa, elas tomaram banho, colocaram pijamas novos. Foi aquela festa. Meus pais coravam de alegria. Foi sobrenatural”.
Raquel conta que os primeiros ajustes das crianças à rotina do casal não foi fácil, mas o relacionamento foi sendo aperfeiçoado no dia-a-dia e o respeito foi estabelecido mutuamente. “Em pouco tempo, os maus hábitos foram deixados pra trás e elas nunca mais disseram um palavrão sequer”, diz. Hoje, Raquel acredita que aquela dia lá em Lages foi somente o dia em que foi buscar suas filhas que estavam longe. “Elas são minhas parceiras, minhas amigas, oram por mim e comigo, o tempo todo dizendo que me amam. É uma realização de um sonho”, relata.
Esse ano, Raquel acredita que vai viver a plenitude do Dia das Mães. No ano passado, conta que estava vivendo “um pós-parto”. “Vamos estar juntinhas, eu a Érica, a Beatriz e a Maria Vitória. Nada pode ser maior”, fala.
Os irmãos das meninas que não foram adotados pelo casal também moram em Sombrio e convivem com as irmãs.

 

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