Depois de uma semana marcada por instabilidade, o mercado financeiro brasileiro voltou a registrar sinais de recuperação nesta terça-feira (23). O dólar interrompeu uma sequência de sete altas consecutivas e fechou em queda próxima de 1%, enquanto a bolsa de valores retomou o patamar dos 160 mil pontos, alcançando o melhor desempenho dos últimos oito dias.
A moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 5,531, com desvalorização de R$ 0,053, equivalente a 0,95%. No início do pregão, o câmbio operava praticamente estável, mas passou a cair de forma mais acentuada a partir do fim da manhã, após a intervenção do Banco Central no mercado e o anúncio do cancelamento de uma entrevista que seria concedida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro a um portal de notícias.
Segundo a Agência Brasil, durante o dia, o Banco Central vendeu US$ 500 milhões em um leilão de linha, dentro de um total de US$ 2 bilhões ofertados. Nesse tipo de operação, a autoridade monetária injeta dólares no mercado à vista, utilizando reservas internacionais, com compromisso de recompra futura. Mesmo com a queda registrada nesta terça, o dólar acumula alta de 3,69% em dezembro, mas apresenta recuo de 10,5% no acumulado de 2025.
No mercado acionário, o cenário também foi positivo. O Ibovespa, principal índice da B3, avançou 1,46% e fechou aos 160.486 pontos, alcançando o nível mais elevado desde o dia 15 deste mês.
Analistas apontam que fatores políticos e econômicos influenciaram o desempenho do dia. Além do impacto gerado pelo cancelamento da entrevista do ex-presidente, a divulgação do IPCA-15 de dezembro trouxe alívio aos investidores. A prévia da inflação oficial ficou abaixo das projeções do mercado e encerrou 2025 em 4,41%, dentro do intervalo da meta estabelecida.
No câmbio, a atuação do Banco Central teve papel central na queda da cotação. O leilão de linha contribuiu para aumentar a liquidez e atender à demanda típica do fim de ano, quando empresas realizam remessas de lucros e dividendos ao exterior, reduzindo a pressão sobre o dólar.
