a cardiologista Dra. Patrícia Arseno, com ampla experiência na área, compartilhou seu conhecimento sobre saúde cardiovascular, especialmente no contexto feminino, tema de grande relevância atualmente. Abordou questões sobre a prevenção de doenças cardiovasculares, a importância do autocuidado e a realidade das mulheres frente às doenças do coração.
A Jornada de Dra. Patrícia Arseno
Dra. Patrícia, natural de Turvo, em Santa Catarina, iniciou sua formação em medicina na Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e posteriormente se especializou em Medicina Interna e Cardiologia, com experiência adquirida no Instituto de Cardiologia de Santa Catarina, em São José. Ela trabalha atualmente na clínica do Dr. Salvaro, onde se dedica à prevenção e ao tratamento de doenças cardiovasculares. A cardiologista compartilhou com entusiasmo a sua trajetória profissional, mencionando a importância de ter retornado à sua terra natal para cuidar da população local.
A Escolha pela Cardiologia
Quando questionada sobre o motivo de sua escolha pela cardiologia, Dra. Patrícia explicou que, desde cedo, sabia que queria seguir a carreira médica. Embora tenha se interessado por várias áreas da medicina, foi durante a sua experiência em UTI, principalmente durante a pandemia, que ela se aproximou definitivamente da cardiologia. Ela passou a se aprofundar no estudo das doenças cardiovasculares, tratando tanto de pacientes em prevenção quanto de casos graves na UTI. Foi a combinação dessas experiências que a levou a se especializar e a identificar a cardiologia como sua verdadeira vocação.
A Saúde Cardiovascular da Mulher
Em um dos momentos mais impactantes da entrevista, Dra. Patrícia ressaltou a importância de se falar sobre a saúde cardiovascular das mulheres. Ela alertou que, apesar das doenças cardíacas serem as que mais afetam as mulheres no mundo, muitas delas são diagnosticadas tardiamente, com tratamentos menos eficazes. “A mulher tende a ser menos diagnosticada e tratada em comparação aos homens, o que leva a desfechos mais graves”, disse a cardiologista.
A doutora explicou que o estresse social que muitas mulheres enfrentam, por equilibrar múltiplas responsabilidades, como cuidar da família, trabalhar e administrar a vida pessoal, acaba prejudicando a saúde. Frequentemente, as mulheres negligenciam os próprios cuidados para atender às necessidades dos outros, o que pode resultar em doenças cardiovasculares avançadas. A mudança de estilo de vida e o cuidado com a saúde são essenciais, mas, muitas vezes, as mulheres não priorizam a sua saúde, seja por questões culturais ou falta de tempo.
A Prevenção: O Caminho para uma Vida Saudável
Dra. Patrícia enfatizou que a principal estratégia de prevenção para as doenças cardiovasculares é o estilo de vida. “Nós somos o que comemos e o que pensamos”, afirmou, destacando a importância de hábitos saudáveis, como a prática de atividades físicas regulares, alimentação balanceada e controle do estresse. Ela alertou para o papel negativo de alimentos inflamatórios, como os açúcares e as gorduras trans, no aumento do risco de doenças cardíacas.
A cardiologista também mencionou a importância de realizar exames regulares para detectar alterações precoces, como hipertensão e colesterol elevado, especialmente em pessoas com histórico familiar de doenças cardiovasculares. Ela destacou a relevância de adotar a prevenção o quanto antes, lembrando uma paciente que, ao ser diagnosticada com uma doença cardíaca aos 61 anos, disse: “Eu devia ter vindo nessa consulta quando tinha 40 anos”. Esse comentário reflete a frustração que muitos pacientes sentem ao perceberem que poderiam ter evitado ou retardado a progressão das doenças com cuidados preventivos mais cedo.
Mulheres e Infarto: A Realidade Alarmante
Em relação aos dados alarmantes sobre a mortalidade feminina por doenças cardiovasculares, Dra. Patrícia destacou que as mulheres morrem sete vezes mais de infarto do que de câncer de mama. Ela afirmou que a sociedade precisa mudar a percepção sobre a saúde da mulher, que muitas vezes é focada apenas em problemas relacionados ao útero, ovário e mama, esquecendo-se da importância da saúde cardíaca.
Desafios e Caminhos para a Mudança
Para Dra. Patrícia, o grande desafio é sensibilizar as mulheres sobre a necessidade de cuidar da saúde cardiovascular e romper barreiras culturais que as impedem de priorizar o autocuidado. “É muito comum eu ouvir que não tem tempo, que precisa cuidar da casa, dos filhos, dos pais. Mas a mulher precisa entender que se não cuidar de si mesma, não conseguirá cuidar dos outros da melhor forma”, concluiu.
Ao final da entrevista, a cardiologista fez um apelo para que as mulheres se conscientizem sobre a importância de manter hábitos saudáveis e busquem acompanhamento médico para prevenir as doenças cardíacas. Ela também ressaltou que a mudança começa no estilo de vida, e que o cuidado com o corpo e a mente é fundamental para garantir uma vida longa e saudável.
Essa entrevista trouxe à tona temas essenciais sobre a saúde feminina e o impacto das doenças cardiovasculares, que afetam milhões de mulheres ao redor do mundo. A conscientização sobre a prevenção, o autocuidado e a importância da detecção precoce pode fazer toda a diferença na vida de muitas mulheres.