Em 2021, a parcela dos endividados oscilou entre 36,5% e 45,6%
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Estado de Santa Catarina (PEIC), realizada mensalmente pela Fecomércio SC há dez anos, aponta para um crescimento contínuo nos percentuais de famílias endividadas e inadimplentes ao longo de 2022.
Em 2021, a parcela dos endividados oscilou entre 36,5% e 45,6%, apresentando recordes mínimos- em agosto (36,5%) atingiu o menor índice de toda a série histórica e fechou o ano com média de 41,0%. Já em 2022 houve forte tendência de aumento do índice, que acelerou ainda no segundo semestre. No ano passado, a variação foi entre 41,5% (janeiro) e 65,4% (dezembro), alcançando a média de 51,0%.
O cenário de 2022 foi oposto ao observado durante quase todo o período da pandemia (2020 e 2021), quando as famílias catarinenses reduziram o nível de endividamento a mínimas históricas. E, por essa razão, na comparação com o mesmo período do ano anterior, o crescimento é bastante expressivo (25,8 p.p.). Em dezembro de 2021, a taxa era de 39,6%.
A escalada do endividamento das famílias em Santa Catarina é um fenômeno que requer atenção, conforme pontua o economista da Fecomércio SC, Pedro Henrique Pontes.
“O nível de endividamento não é um indicador negativo para a economia, uma vez que consumidores mais seguros de sua situação econômica fazem uso de crédito e compram de forma parcelada. O problema surge quando os endividados não conseguem honrar seus compromissos, passando assim para o grupo dos inadimplentes. Em 2022, a dinâmica do consumo e do endividamento foi diretamente pela impactada pela inflação e taxa de juros, que encareceu as dívidas e apertou o orçamento familiar”, analisa Pontes.
No vermelho
O comportamento anual da inadimplência foi bastante semelhante ao do endividamento. Enquanto em 2021 o percentual oscilou, chegando a atingir a mínima histórica (5,5%) nos meses de setembro e novembro, em 2022 percebe-se claramente o forte crescimento da taxa, sobretudo no segundo semestre. Desde junho de 2022, o índice vem apresentando variações mensais positivas consecutivas. De janeiro a dezembro, a taxa escalou 10,9 p.p. e fechou o ano em 18,6%, ou seja, quase dois em cada dez estão com contas atrasadas.
O resultado de dezembro é 6,8% superior ao de novembro (17,4%) e é o maior desde março de 2020 (19,2%), início do período mais crítico da pandemia. Na comparação com as taxas médias anuais, o percentual em 2022 é superior apenas a de 2021 (8,5%), mas inferior aos últimos anos da série histórica: 2020 (13,8%); 2019 (17,9%); 2018 (18,9%) e; 2017 (20,3%).