A chegada de um bebê costuma ser associada à felicidade plena, mas, para muitas mulheres, o período é marcado por intensas transformações físicas, emocionais e sociais. Com o objetivo de aprofundar a compreensão sobre a saúde mental no primeiro mês após o parto, estudantes do curso de Medicina da Unesc estão desenvolvendo uma pesquisa inédita.
O estudo é conduzido pelas acadêmicas Alice Souza Burato e Larissa Cristine Pereira, sob orientação da professora Gislaine Zilli Réus. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e parte dos resultados será utilizada para a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) das pesquisadoras.
Segundo a professora Gislaine, a escolha do tema surgiu da percepção de que muitas mulheres enfrentam sofrimento psíquico após o parto sem receber a devida atenção. “Investigar a saúde mental nesse período torna-se essencial para dar visibilidade a essa realidade, promovendo acolhimento e contribuindo para a melhoria da abordagem dos serviços de saúde”, afirmou.
O objetivo central da pesquisa é identificar sintomas depressivos em mulheres até 30 dias após o nascimento do bebê. Para isso, serão avaliados fatores emocionais, sociais, hormonais e relacionados à qualidade de vida. As participantes, com idade mínima de 18 anos, serão convidadas em Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Criciúma.
A coleta de dados inclui exames laboratoriais, gravação de voz para respostas a perguntas específicas e a aplicação de questionários e escalas validadas. “As mulheres enfrentam cansaço extremo, mudanças no corpo, nas rotinas e nas relações. Muitas vezes não possuem rede de apoio, o que agrava o risco de adoecimento mental”, destacou a acadêmica Larissa.
A expectativa é que os resultados contribuam para sensibilizar profissionais de saúde sobre a importância de identificar sinais de sofrimento emocional nesse período, ampliando o cuidado com a saúde mental materna.
“Mais do que números, buscamos ouvir essas mulheres com empatia e oferecer caminhos para que se sintam cuidadas. Queremos unir ciência e acolhimento, contribuindo para uma sociedade que compreenda a complexidade da experiência materna”, concluiu Alice.