Eu nada sei
Antes que me acusem de plágio, já vou dizendo, o título desta crônica é baseado na frase de Sócrates (470/399a.C), que disse “Só sei que nada sei”. Aquele filósofo grego que foi condenado à morte, supostamente por desviar a juventude ateniense do culto dos deuses da época. Não que, se vivesse hoje, escaparia da sentença fatal por discordar da existência de deuses. Sempre tem alguém disposto a matar aquele que discorda de si. Podes crer.
Eu trago este assunto hoje para fazer uma confissão honesta, em especial pra ti, meu raro e paciente leitor. Ocorre que, devido as minhas participações em programas de rádio e por me meter a escrever essas crônicas semanais, algumas pessoas bondosas, me acham inteligente. Agradeço muito os elogios, mas não me considero como tal. E não é falsa modéstia.
Na realidade eu sou é curioso. Leio e pesquiso tudo. E quando falo ou escrevo, abro o meu coração, sem medo de dizer o que penso. Nunca passa pela minha cabeça criticar ou ofender alguém que pense diferente. Em que pese a recíproca não seja verdadeira, já que, não poucas vezes, recebo mensagens deselegantes. Não condeno as pessoas que agem assim. Até acho que não fazem por mal. Apenas expressam as suas maneiras de ser.
Como já disse muitas vezes, invejo as pessoas que acham a vida simples, que basta acreditar num deus e pronto! Olha, faço de tudo para acreditar em Deus e, quando falo com ele, acredite, peço perdão pelas minhas dúvidas. Mas não posso evitá-las, ante a infinita grandeza e complexidade do Universo. O que me dá uma certa tranquilidade é que Deus, se existe, com a sua infinita sabedoria, poder, bondade e amor, não me fará arder no fogo do Inferno, só porque sou sincero comigo mesmo. Logo eu, uma criaturinha insignificante. Como disse Luís de Camões: – “Um bichinho da terra tão pequeno”.
Para teres uma ideia do que se passa na minha mente, quando eu olho para a natureza; para o Céu, o Sol, as Estrelas, os campos e os mares, enfim eu fico fascinado. Aí então eu observo os demais astros e planetas, não só os seus exteriores, como seus interiores, eu fico perplexo. Depois tomo conhecimento que todos eles se movimentam numa velocidade vertiginosa em torno de si e em volta uns dos outros, numa harmonia inexplicável.
Olho para mim e para meus irmãos e constato que temos um corpo de carne, osso, sangue e nervos. Que temos dentro de nós trilhões de germes, átomos e células. Como se não bastasse, ainda temos raciocínio, emoção e sentimento. E mais o mundo animal! Se consegues entender e aceitar tudo isso e mais outros mistérios que aqui não citei, apenas acreditando num deus, parabéns. Eu não! Só Deus sabe como te invejo, porque eu… Nada sei.