As informações estão na Tábua Completa de Mortalidade de 2020, publicada no Diário Oficial da União
A expectativa de vida do brasileiro subiu dois meses e 26 dias em 2020, passando de 76,6 anos em 2019 para 76,8 anos, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira, 25, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O cálculo, no entanto, ainda não incorpora o efeito da pandemia por questões metodológicas.
As informações estão na Tábua Completa de Mortalidade de 2020, publicada no Diário Oficial da União (DOU). É esperado, no entanto, que o aumento no número de óbitos por covid-19 tenha abreviado essa expectativa de vida, embora ainda não apareça nesse cálculo. “O que eu não consigo é mensurar agora quanto afetou em 2020 e 2021. Para fazer esse cálculo, preciso de dados mais robustos, mas sem dúvida o impacto é negativo”, confirmou a demógrafa Izabel Guimarães Marri, gerente de população do IBGE.
O aumento da expectativa em 2020 (sem o ajuste metodológico), embora menor do que em relação ao avanço anterior, mantém a tendência de crescimento da taxa por anos consecutivos. Há quase dez anos, em 2011, a esperança de vida do brasileiro era de 74,1 anos. No ano seguinte, passou para 74,6 anos e depois para 74,9 anos. Em 2014, a taxa ficou em 75,2 anos; em 2015, em 75,5 anos; em 2016, 75,8 anos; em 2017, 76 anos; e, em 2018, foi de 76,3 anos.
Em 1940, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer era muito baixa, de 45,5 anos. Depois disso, com redução da mortalidade infantil e outros avanços da Medicina e do País, o número vem crescendo consistentemente. Em 1980, chegou a 62,5 anos e, no ano 2000, a 69,8. Nas últimas duas décadas, os ganhos foram um pouco mais lentos. Mesmo assim, nunca se registrou decréscimo.
A Tábua de Mortalidade tem periodicidade anual e fornece estimativas da expectativa de vida às idades exatas até os 80 anos. Sua abrangência é nacional e traz resultados por sexo e idade. Os dados são usados como um dos parâmetros para determinar o fator previdenciário, no cálculo das aposentadorias do Regime Geral de Previdência Social.
Metodologia e pandemia
O órgão estatístico explica que para captar a realidade atual da expectativa de vida em meio à pandemia a metodologia de cálculo precisaria ser alterada, o que demanda tempo, discussão e mais informações.
“A gente divulgou por força da lei. A gente não alteraria agora a metodologia, a gente não faria isso. Alterar a metodologia requer estudos, requer dados mais sólidos”, explicou a pesquisadora do IBGE.
As mortes por covid serão incorporadas à esperança de vida apenas na divulgação de 2023, referente ao ano de 2022, mesmo assim em caráter preliminar, contou a pesquisadora do IBGE. A Tábua de 2021, com divulgação no ano que vem, ainda não será atualizada, ou seja, ainda trará os dados sob a metodologia atual, sem o impacto da pandemia. No entanto, Izabel ressalta que o baque na esperança de vida em 2021 seja ainda maior do que em 2020, por conta de uma maior concentração no número de mortos por covid.
“É bem provável que em 2023 a gente tenha uma Tábua preliminar (corrigida pela covid) para Brasil. Para unidades da federação, precisa dos dados do Ministério da Saúde, que demora um pouco mais”, explicou. “Em 2024, a gente vai ter a Tábua (referente a 2023) com todos os ajustes e estudos por unidades da federação”, previu.