As bandeiras tarifárias, que podem deixar a conta de luz mais cara, foram reajustadas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) nesta terça-feira (21). Apesar da alteração vigorar a partir de julho, os moradores de Santa Catarina podem ficar relaxados até o fim de 2022. A previsão é de que até lá seja aplicada a bandeira verde, que não encarece a conta.
Devido às condições climáticas, o cenário está favorável. “Estamos num momento de ‘jogar água fora’. Os reservatórios das hidroelétricas estão cheios, é a melhor situação dos últimos 10 anos”, explica Cristiano Tessaro, engenheiro de produção elétrica formado pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
O acionamento das bandeiras ocorre numa situação reversa: quando, em períodos de estiagem, as hidroelétricas não suprem a demanda e se torna necessários recorrer às termoelétricas. Esta fonte de energia é mais cara. Com a aplicação da bandeira, o consumidor paga o aumento na geração.
O reajuste da Aneel aplicou as seguintes mudanças:
- Bandeira Verde: não tem custo adicional e não passará por reajuste;
- Bandeira Amarela: ficará mais cara, passando R$ 1,874 para R$ 2,989 (aumento de 59,3%);
- Bandeira Vermelha 1: ficará mais cara, passando de R$ 3,971 para R$ 6,50 (representando uma alta de 63,7%);
- Bandeira Vermelha 2: ficará mais cara, passando de R$ 9,492 para R$ 9,795 (representando uma alta de 63,7%);
Bandeiras ficaram ainda mais caras
Quando a Aneel propôs atualização dos valores, os reajustes eram mais baratos que aqueles que foram aprovados. Os reajustes iniciais, que podem ser conferidos neste link, chegavam a até 57%. A bandeira vermelha 2 inclusive ficaria mais barata.
Para Tessaro, que é também diretor executivo da Camerge (empresa de Florianópolis que atua na gestão de energia), o órgão federal precisou encarecer o valor da bandeira para dar conta do custo real. A primeira proposta não dava conta de cobrir o valor.
Até R$ 11,40 mais caro
Com os novos valores, uma família que costuma pagar R$ 240 na conta de luz, com a bandeira verde, poderá pagar até R$ 11,40 mais caro com o acionamento das outras bandeiras. Com o reajuste proposto em abril, o valor máximo era de R$ 10.
“Nesse exemplo a família passaria a ter um custo de aproximadamente 29,50 a mais na conta de energia pelo acionanamento da bandeira vermelha 1. Aproximadamente 11,40 a mais do que anterior”, explica Tessaro.
Aumento é necessário, afirma engenheiro
Conforme a Aneel, o aumento está de acordo com a inflação (que teve alta de 10,06%), a alta no preço dos combustíveis e os prejuízos durante o período de escassez hídrica em 2021.
“A experiência no último ano mostrou que as bandeiras atuais não conseguem cobrir os custos reais para utilizar as termoelétricas”, acrescenta Cristiano Tessaro, engenheiro de produção elétrica formado pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
A crise hídrica do último ano, uma das piores do Brasil, tornou necessária a contratação e leilão de termoelétricas que precisaram funcionar de forma imediata.
“Além disso, importamos energia elétrica de países, como Uruguai e Argentina, que chegaram a custar R$ 2,4 mil por MWh”, detalha Tessaro, especialista em centrais elétricas e diretor executivo da Camerge, empresa de Florianópolis que atua na gestão de energia.
“Para não correr o risco de racionamento, acabamos pagando uma conta muito alta”, avalia. Situação que, para o engenheiro, torna necessária a correção dos valores da bandeira para estarem mais adequados à realidade.
Outros aumentos
Apesar do reajuste na bandeira tarifária não encarecer a conta de luz imediatamente, há outros aumentos previstos para o ano corrente, e que devem fazer a conta de luz pesar no bolso. Em agosto está previsto o tradicional reajuste tarifário, que deve ficar na casa dos 8%.