Em discurso contundente durante a Cúpula do Mercosul realizada neste sábado (20), em Foz do Iguaçu (PR), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu o combate ao crime organizado e a defesa da democracia como prioridades para o bloco. O encontro reuniu chefes de Estado de Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Segundo a Agência Brasil, além da pauta de segurança pública, Lula elevou o tom sobre as tensões geopolíticas na região, alertando para o risco de um conflito armado na América do Sul diante da movimentação militar dos Estados Unidos próxima à Venezuela.
Tensão geopolítica: “Catástrofe Humanitária”
Um dos momentos mais críticos do pronunciamento foi o alerta sobre a presença de tropas norte-americanas no Mar do Caribe, na fronteira venezuelana, sob a justificativa de combate ao narcotráfico. Lula comparou a situação à Guerra das Malvinas, criticando a interferência de potências de fora da região.
“Passadas mais de quatro décadas, o Continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional. (…) Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, advertiu o presidente.
Segurança: Crime e internet
Lula defendeu que a segurança pública é um dever do Estado “independentemente de ideologia” e cobrou ações conjuntas para asfixiar o financiamento de atividades ilícitas.
O presidente também anunciou que o Brasil, em consulta com o Uruguai, proporá uma reunião de ministros da Justiça e Segurança do Consenso de Brasília. O objetivo é discutir, entre outros pontos, a regulação dos ambientes digitais.
“A liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras”, disse Lula, defendendo que a internet não pode ser um “território sem lei” e precisa de medidas para proteger crianças e dados pessoais.
Pacto contra o feminicídio
Citando dados da Cepal de que 11 mulheres são assassinadas diariamente na América Latina, Lula propôs ao Paraguai — que assume a presidência rotativa do bloco — a criação de um “grande pacto do Mercosul” pelo fim da violência contra a mulher.
Como medida concreta, o presidente brasileiro enviou ao Congresso Nacional um acordo que permite a validação de medidas protetivas entre os países do bloco. Ou seja, uma mulher protegida pela justiça no Brasil manteria essa proteção se viajasse para a Argentina ou Uruguai, por exemplo.
Defesa da democracia
Ao final, Lula exaltou a resposta das instituições brasileiras à tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. “Pela primeira vez na sua história, o Brasil acertou as contas com o passado”, afirmou, referindo-se à condenação dos envolvidos nos atos antidemocráticos.












