Aline Girardi Felicio Martinho tem 31 anos, nasceu em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, atualmente reside em Forquilhinha. Ela é graduada em Ciências Biológicas com especialização em Gestão Escolar e Práticas Multidisciplinares na Educação Básica e especialização em Tradução/Interpretação e Docência em LIBRAS com proficiência.
Em entrevista para a nossa equipe, nos contou que faz cinco anos que atua como Tils intérprete/tradutora de Libras e um ano como docente professora bilíngue. Atualmente, Aline é intérprete no contexto religioso, política e educacional.
“Iniciamos um projeto, ano passado, e organizamos um culto em Libras, começamos a pensar na essência das libras quando os surdos ansiavam por uma atenção especial nos cultos”, disse ela sobre o projeto bilíngue.
Nesse momento pandêmico, Aline disse que ela e os demais colegas perceberam que as libras ficaram mais visíveis por conta das transmissões ao vivo e eventos online na internet, como shows, cultos e reuniões: “Os surdos estão sendo percebidos dentro da sociedade, tendo essa acessibilidade que tanto lutamos o que nos preocupa é a questão de como está sendo colocada a janela de libras dentro dessas transmissões, porque muitas vezes fica muito pequena e acaba dificultando, as pessoas querem trabalhos voluntários e não entendem que somos profissionais e ganhamos com isso, por isso em alguns momentos eles acabam não contratando pessoas especializadas para isso, o surdo acaba prejudicado”.
“Agora que é obrigatório ter os interpretes dentro das campanhas políticas, então vai ser essencial pessoas com noção e especializadas para ajudar e não caba prejudicando o surdo”, disse ela.
Aline também lembrou que as libras começaram a ter espaço nas últimas eleições, quando a primeira dama, Michele Bolsonaro acabou mostrando para o Brasil que existem libras e a valorização dos surdos: “Isso foi um marco dentro da nossa sociedade e foi a partir desse momento que começamos a ser procurados e também enxergados com outros olhos”.
Aline disse que os primeiros passos para começar no mundo das libras é procurar cursos de capacitação e pessoas que possam estar te orientando de forma correta e lembrem que existe áreas diferentes dentro da libra, tanto oral para libras, quanto libras para o oral, são coisas diferentes e precisa ter essa qualificação.
Conversamos também com Ramon Silva da Cunha, Ramon tem 34, nasceu em Criciúma, mas atualmente reside em Balneário Gaivota. Ele é tradutor e intérprete de libras, e começou nessa caminhada no ano de 2005, sempre está presente nas escolas levando as libras, já faz 15 anos nesse ramo: “Eu sinto e vejo que houve um desenvolvimento muito grande, tanto os cursos quanto os profissionais, eu atuei no estado desde 2010, depois em 2011 esteve na rede federal, e também passei pelo Instituto Federal de Santa Catarina, no Campus de Araranguá, entre outras passagens em diversos lugares”, disse ele.
Ele nos contou que sempre acaba aprendendo ao longo das experiências e cursos, atua nos eventos da Unesc, e também com a pandemia tenho recebido bastantes convites para as transmissões ao vivo nas redes sociais, e outros assuntos e eventos que acontecem na região e no Instituto Federal.
“A inclusão do surdo na sociedade, não apenas por meio da escola, também deve ser atuante nos outros meios, não somente nos bancos, cartórios, lojas, mas é necessário também ter políticas públicas, para que os surdos tenham acesso a todas as informações necessárias e também para ter acesso a cultura e lazer”, disse Ramon.
Ele também disse que tem um desejo que a disciplina de libras fosse obrigatório nas escolas: “Que todos possam aprender Libras, e se desenvolver, aprender as técnicas de tradução e interpretação.
E que meus colegas, especialmente do IFC e do grupo (Tils Sul Catarinense) possam sempre valorizar nossa profissão. Dia 30 de setembro se comemora o dia internacional do tradutor interprete de todas as línguas”, finalizou ele.