Em todo o mundo, no último domingo do mês de abril, comemora-se o Dia Internacional do Cão de Busca e Resgate. Este cão é treinado para procurar alguém que ele nunca viu, em um local que ele nunca esteve, em troca de carinho e interação, pois para eles as buscas não passam de uma brincadeira.
Em Santa Catarina, o Corpo de Bombeiros Militar (CBMSC) é referência internacional no assunto e utiliza este tipo de serviço especializado para encontrar de forma mais rápida as vítimas em casos de desastres de origem natural ou tecnológica, em ocorrências envolvendo busca terrestre, intervenções em áreas deslizadas, busca e resgate em estruturas colapsadas e em salvamento aquático.
Por volta dos anos 2000 o CBMSC iniciou um movimento no Estado para integrar os cães às suas operações de busca e salvamento. “Vimos essa necessidade, fomos buscar referências no exterior e trouxemos para Santa Catarina o conceito de certificar previamente o cão antes de colocá-lo em ocorrências reais”, afirma o coronel Walter Parizotto, presidente da Coordenadoria de Busca e Resgate com Cães do CBMSC. “Não existe nenhum equipamento hoje que substitua os cães em operações de busca e salvamento, uma vez que um binômio – dupla formada entre bombeiro e cão – é capaz de varrer o mesmo espaço territorial que uma equipe de 30 homens no mesmo espaço de tempo”, reforça o coronel.
Atualmente a corporação conta com 16 cães ativos e com certificação válida para atuação, além de estar com dois cães em treinamento e vários já aposentados. Entre as principais atuações podemos citar:
- Chuvas 2023: Vale do Taquari – Rio Grande do Sul – 06 binômios
- Deslizamentos pós chuvas 2023: Rodeio – Santa Catarina – 04 binômios
- Deslizamentos de encostas 2022 – Recife – 03 binômios
- Enchentes e deslizamentos de terra 2022 – Petrópolis – Rio de Janeiro – 12 binômios
- Desmoronamento 2021 – Incêndio do prédio da Segurança Pública do Rio Grande do Sul – 02 binômios
- Rompimento de barragem 2019 – Brumadinho – Minas Gerais – 07 binômios
Para participar dos eventos de certificação o cão precisa estar com a saúde em dia, ter passado por um treinamento mínimo, ter pelo menos 18 meses e no máximo 08 anos, para que tenha um tempo saudável de atuação. Demonstrar habilidade de controle, capacidade de trabalhar em equipe, de seguir seu condutor e encontrar uma vítima são alguns dos desafios para os quais eles são treinados.
São realizadas, em média, duas certificações por ano e são momentos em que o cão precisa provar que está apto para atuar naquela especialidade. Aprovado nos testes, a certificação tem validade de 03 anos. Essas provas antecedem a aplicação dos cães em ocorrências reais pois é necessário medir a qualidade técnica deles.
MODALIDADES DE CERTIFICAÇÃO:
- Buscas rurais por pessoas vivas;
- Buscas rurais por restos mortais;
- Busca urbana por pessoas vivas;
- Busca urbana por restos mortais
- Odor específico – para busca em locais onde não há confusão de odores.
Os animais são submetidos a treinamentos diários, exclusivamente com feedback positivo, sem nenhum maltrato tanto na questão de obediência, quanto na parte técnica. O labrador é uma das raças predominantes para este tipo de trabalho por conta do olfato bastante apurado e temperamento dócil. Mais que uma ferramenta de busca, no CBMSC os cães se tornam parte da família do bombeiro com quem faz dupla, uma vez que ele mora com o seu treinador, convive com sua família e está junto praticamente o dia todo, seja em treinamento ou descansando.
Quando atingem uma determinada idade, os cães são aposentados das buscas e ficam à disposição para trabalhar na Cinoterapia, que é a terapia assistida por cães em hospitais, clínicas, entre outros espaços.