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ColunistasO papagaio brizolista| Llantada

O papagaio brizolista| Llantada

O papagaio brizolista

               Este fato aconteceu naqueles dias negros da nossa história, que culminaram com a Revolução Militar de 31 de março de 1964, quando ocorreram prisões, perseguições políticas e até torturas. Ideologias à parte, a realidade é que era perigoso naquele período alguém dizer que era adepto do ex-governador Brizola, pois ele era o inimigo número 01 da Revolução.

Um português que conheci, de nome Joaquim, claro, tinha um papagaio de nome Louro, óbvio. Até aí nada de novo. O papagaio desse cidadão era muito falador, o que não é nenhuma novidade. Todavia, no caso do Louro este tinha a mania de dizer e repetir sem parar: – “Viva o Brizola!” Isso porque era um refrão muito repetido naquela época. Antes da Revolução, a ave era um sucesso lá no meu bairro, o Santo Antônio, de Porto Alegre-RS. Vinha gente de longe para vê-lo e ouvi-lo. Faziam-lhe carinho e davam-lhe guloseimas.

Consumada a Revolução, o bichano passou a ser perigoso para seu proprietário. Como era muito estimado pelo português, este não cassou seus direitos da livre expressão do pensamento. Apenas não mais permitia que ele saísse à rua ou ficasse na área da frente, fazendo manifestações políticas. Ficou numa espécie de prisão domiciliar. Mas o louro continuava com todas suas mordomias. Uma ocasião o lusitano botou à venda um imóvel de sua propriedade. Espalhou-se a notícia e apareceu um interessado. O Joaquim ficou muito contente, pois estava precisando de dinheiro. O provável comprador era um militar da ativa e tinha fama de perseguir simpatizantes do Brizola.

O militar e o português marcaram um encontro na residência deste último para negociar e, quem sabe, concretizar a transação imobiliária. Sabendo da fama do militar, Joaquim alertou o Louro para que não manifestasse a sua simpatia pelo ex-governador do estado. Iniciaram-se as negociações. O Papagaio ali perto. Quieto. Fecharam o negócio e a partir de então passaram a conversar amenidades e sobre assuntos da época. Ao adentrarem na política, o militar passou a externar com ênfase seu fanatismo contrário a Brizola. O papagaio ouvindo aquilo não se conteve e bradou: “Viva o Brizola!”

O militar ficou tão irritado que desistiu da compra. Foi-se embora. O português puniu a ave dando-lhe alguns açoites com uma vara e condenou-lhe à prisão em regime fechado, num galinheiro do quintal da casa. À noite o papagaio dormiu num poleiro com as galinhas. Ao amanhecer, como de praxe, apareceu o galo que vinha fazer sexo com as galinhas. Ele se encantou com o papagaio. Achou bonita a cor verde de suas penas. Ciscando e cantando, tentava seduzi-lo. Diante do perigo, o Louro disse: “Alto lá! Sou macho, e não homossexual. Nem sou ladrão. Estou aqui cumprindo pena por crime político. Sou brizolista!” O galo, que também era, largou o Louro de mão. Ufah!

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