Pesquisadores da Unesc estão trazendo um alerta direto e acessível para a população. A cartilha “Alimento ultraprocessado: rápido para consumir, rápido para destruir” foi criada por profissionais do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSCol) e serve como um guia prático para entender os perigos por trás dos alimentos industrializados.
O material se baseia na classificação NOVA, criada por especialistas da Universidade de São Paulo (USP), para explicar o que são os ultraprocessados. Diferente de alimentos frescos ou minimamente processados, estes produtos contêm uma longa lista de ingredientes artificiais, como corantes e conservantes, e incluem itens comuns no nosso dia a dia, como refrigerantes, biscoitos recheados e macarrão instantâneo.
A cartilha não se limita a explicar o conceito. Ela aprofunda as consequências do consumo de ultraprocessados, destacando os riscos para a saúde física e mental. Estudos mostram que uma dieta rica nesses produtos pode levar a problemas como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. E a saúde mental também é afetada: pesquisas indicam que pessoas que consomem muitos ultraprocessados têm uma chance maior de desenvolver depressão e estresse.
O documento também ressalta as ameaças para além do corpo. A produção em larga escala de ultraprocessados está ligada a práticas agrícolas insustentáveis, como o uso excessivo de agrotóxicos e o desmatamento. Além disso, a cartilha aponta que a popularidade desses alimentos ameaça as tradições culinárias brasileiras, substituindo receitas caseiras por produtos prontos.
Para o professor Antônio Augusto Schäfer, líder do Grupo de Pesquisa em Atenção à Saúde e Epidemiologia (GPASEpi), o objetivo principal é fazer com que a ciência chegue a todas as pessoas. “Os dados são claros ao mostrar os prejuízos dos ultraprocessados à saúde física e mental. Nosso objetivo é transformar esse conhecimento em uma ferramenta de fácil compreensão”, afirmou.
A produção da cartilha foi um esforço conjunto. Arthur Lima Barbosa, estudante de Medicina, destacou a importância do projeto para sua formação. “Tivemos a oportunidade de transformar o que estudamos em sala de aula em algo que pode promover mudanças reais nos hábitos alimentares das comunidades”, disse. Sua colega Bianca Goulart Silvano reforçou a preocupação com a acessibilidade do material. “Pensamos em cada detalhe para que a cartilha fosse didática e atrativa, desde a linguagem simples até as ilustrações e receitas práticas”, comentou.
A professora Fernanda de Oliveira Meller ressaltou o caráter coletivo do projeto, que uniu professores e estudantes. “Esse material reflete o compromisso do nosso grupo de pesquisa em articular ciência, ensino e extensão”, explicou. A estudante Manoela de Freitas Siqueira complementou, reforçando o aspecto social. “A cartilha busca aproximar ciência e comunidade, levando informações que podem ajudar famílias a repensarem suas escolhas alimentares”, observou.
Para ajudar na transição, a cartilha não apenas explica os riscos, mas também oferece soluções. O material inclui dicas simples para o dia a dia, como priorizar alimentos frescos e cozinhar mais em casa. E para colocar a mão na massa, há receitas saudáveis e fáceis, como guacamole, panqueca de banana com aveia e salada de grão-de-bico com legumes.
A cartilha está disponível gratuitamente no site do PPGSCol e será usada em ações educativas em escolas e Unidades de Saúde da região. Para acessar o material, clique aqui.