Trabalhadores que se autodeclaram pretos ou pardos (população negra) em cargos de direção e gerência recebem, em média, 34% menos que os brancos nas mesmas funções. Enquanto o rendimento mensal dos diretores e gerentes brancos é de R$ 9.831, o dos negros é de R$ 6.446, resultando em uma diferença de R$ 3.385 por mês.
Segundo a Agência Brasil, a constatação faz parte do levantamento Síntese de Indicadores Sociais, divulgado nesta quarta-feira (3) pelo IBGE, com dados referentes a 2024. O estudo mostra que a desigualdade, embora tenha diminuído em relação a 2012 (quando a diferença era de 39%), ainda é acentuada.
Disparidades em todos os grupos ocupacionais
Em todos os dez grandes grupos ocupacionais pesquisados pelo IBGE, os trabalhadores brancos têm rendimentos superiores. A maior diferença percentual é registrada entre diretores e gerentes.
A segunda maior disparidade de rendimento ocorre entre profissionais das ciências e intelectuais: os brancos recebem R$ 7.412, contra R$ 5.192 dos negros, uma diferença de R$ 2.220.
A menor diferença percentual está na categoria Forças Armadas, policiais e bombeiros militares, onde os brancos recebem R$ 7.265 e os pretos ou pardos, R$ 6.331 (diferença de R$ 934).
O pesquisador responsável pelo estudo, João Hallak Neto, avaliou que a disparidade é complexa: “Tem também diferenças em relação à progressão da carreira, tem diferenças entre cursos, a gente sabe, notadamente, que profissionais médicos recebem mais que enfermeiros,” citou.
Escolaridade e informalidade
Mesmo com o mesmo nível de instrução, a desigualdade persiste. No Ensino Superior:
O rendimento por hora dos brancos com diploma era de R$ 43,20.
Para os negros com diploma, era de R$ 29,90.
Ou seja, a hora trabalhada do branco com diploma universitário vale 44,6% a mais que a do preto ou pardo, sendo esta a maior diferença entre todos os segmentos de escolaridade.
A pesquisa também aponta que 17,7% das pessoas brancas ocupam cargos de direção e gerência, enquanto apenas 8,6% dos pretos e pardos estão nessas posições.
Os trabalhadores pretos ou pardos vivenciam mais a informalidade no trabalho, com uma taxa de 45,6%, muito acima da taxa de 34% dos brancos.












