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Professor do curso de História da Unesc relata fatos que contribuíram com a Independência do Brasil

O fato ocorrido em 7 de setembro de 1822 completou o seu bicentenário nesta semana

“Independência ou Morte”. A famosa frase que Dom Pedro I proferiu às margens do Rio Ipiranga que separava o Brasil de Portugal. O fato ocorrido em 7 de setembro de 1822 completou o seu bicentenário nesta semana e será lembrado durante os tradicionais desfiles cívicos.

Para entender como o Brasil deixou de ser colônia de Portugal é preciso fazer um panorama histórico “visitando”, inclusive, os fatos ocorridos na Europa naquela época. Para isso, o professor do curso de História da Unesc, João Henrique Zanelatto, cita os contextos externos e internos que contribuíram para a independência brasileira. “Do ponto de vista externo, o fim do Século 18 e início do Século 19 são marcados por muitas mudanças que vão contribuir para a nossa independência, como a Revolução Industrial, que ocorreu na Inglaterra, quando passa a se defender o livre comércio e combater o pacto colonial. Também temos as ideias iluministas que surgem na França, um pensamento que combate o antigo regime, o poder da igreja, defende a liberdade, igualdade e fraternidade e que contribui, por exemplo, para a independência dos Estados Unidos e para a Revolução Francesa”, fala.

Neste contexto, a Europa vive uma disputa entre as duas potências da época: Inglaterra e França. “A França, governada por Napoleão Bonaparte, busca ser hegemônica na Europa e chega a este conflito com a Inglaterra, inclusive, invadindo Portugal que, por sua vez, é um país dependente da Inglaterra. Isso leva à fuga da família real portuguesa para o Brasil em 1808. É uma série de fatos externos que contribuem com o processo de independência do Brasil”, diz Zanelatto.

Internamente

Já internamente, o Brasil que era colônia de Portugal desde o Século 16, registrava um grande crescimento ao longo dos três séculos anteriores. “Na Europa, Portugal foi ficando atrasado, mas a colônia cresceu e os portugueses já não conseguiam mais abastecer, o que gerava dificuldades nas relações. À medida que Portugal se enfraquece, passa a cobrar mais impostos no Brasil, o que causa dificuldades, tanto para as elites quanto para os pobres, que eram os mais atingidos. Isso gera movimentos que questionam o domínio português, especialmente no fim do Século 18. Diante disso, a Conjuração Mineira já falava em independência, assim como, nove anos depois, a Conjuração Baiana queria a independência da Bahia. São movimentos que questionam o domínio português, falam em independência e em ideia de república. Mas estas são duas revoltas que falam da independência da sua região porque não há um sentimento de nacionalidade, de brasilidade, que é algo que será construído e leva muito tempo para que todas as pessoas que vivem no país se sentissem brasileiros”, diz.

O estopim

Vindo com toda a família e cerca de 15 mil pessoas para fugir da invasão francesa, Dom João VI tem como uma de suas primeiras ações abrir os portos para as nações amigas, o que significou o fim do pacto colonial, deixando o comércio livre, assim o Brasil podia comercializar com qualquer país.

Já em 1815 o Brasil é elevado a reino unido de Portugal, com o intuito de formar um grande império. “Porém, em 1820, há a Revolução do Porto, em Portugal, quando os franceses são expulsos. O grupo à frente desta revolução queria que Dom João VI voltasse para a Europa e que o Brasil retornasse à condição de colônia”, relata Zanelatto.

Enfim, o 7 de setembro

Depois de tudo isso, é chegado o dia 7 de setembro de 1822. “É a data que oficializa a ruptura, a separação de Portugal. O Brasil adota a monarquia, diferenciando dos países vizinhos que adotaram a república. Este processo é uma articulação feita por grupos do Sudeste como grandes fazendeiros proprietários de terra e traficantes de escravos que junto a Dom Pedro articulam este processo. De maneira geral, a população pobre apoiou porque viu uma expectativa: para os escravos, a liberdade; para os indígenas a garantia de direitos. Isso gera tensão na forma como a independência vai se efetivando, já que o poder é centralizado no sudeste e quando se faz a primeira constituição, concentra o poder em Dom Pedro e no Rio de Janeiro. As outras províncias se sentem desprivilegiadas, então a  nossa independência tem lutas para se efetivar, mas a forma como é feita vai gerar uma série de tensões. Revolta no mesmo ano da constituição, seguida de diversas revoltas, algumas que falam até em separação, como foi a Guerra dos Farrapos, aqui no Sul do país”, pontua.

Reflexões

Porém, 200 anos depois, algumas reflexões ainda são importantes, como aponta o próprio professor, João Henrique Zanelatto. “Veio a independência, o trabalho escravo permaneceu, os indígenas continuaram sem ter direitos. E mesmo com o fim da escravidão no Século 19, o racismo está presente ainda hoje, além da intolerância que presenciamos e vimos a luta dos povos indígenas que ainda hoje perdem os seus territórios. Pensar em independência, liberdade, é algo ainda presente, continuamos lutando por isso. Pensar no bicentenário é pensar no Brasil que queremos para os próximos dez anos e no Brasil que queremos para hoje. O bicentenário é mais uma reflexão que uma comemoração, porque o Brasil ainda precisa conquistar a sua independência para todos, com melhores condições para toda a sociedade, com direitos, respeito, combatendo o racismo e a intolerância”, comenta.

Colaboração: Marciano Bortolin/Unesc

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