A psicóloga Maria Terezinha Hilsendeger Pereira trouxe luz a questões cruciais da saúde mental em sua participação no programa Jornal Amorim, 1ª Edição, da Rádio 102.9 Amorim FM. Com 23 anos de experiência clínica, a profissional de Sombrio (SC) abordou o aumento dos casos de ansiedade e depressão, oferecendo técnicas práticas de autocuidado e alertando para a necessidade de buscar ajuda profissional.
O cerne dos transtornos: autocobrança e desproteção
Maria Terezinha destacou que a raiz dos transtornos emocionais modernos está ligada à pressão do dia a dia, à sobrecarga de informações e, principalmente, à exigência que o indivíduo impõe a si mesmo. Ela afirmou: “Se nós separarmos a palavra depressão, eu sofro de pressão, pressão que eu imponho a mim mesmo.”
A psicóloga descreveu o perfil de quem sofre com ansiedade ou depressão como sendo, em geral, “pessoas de bom caráter e controladoras” que, na tentativa de evitar o sofrimento, tornam-se “juízes muito críticos de nós,” exigindo perfeccionismo e se punindo por cada falha.
Além disso, a profissional identificou a falta de proteção como um fundo emocional comum. “Todo ansioso, ele se sente desprotegido,” explicou, ressaltando que, muitas vezes, é essa sensação que impede a pessoa de se entregar à ajuda e ao acolhimento. A urgência de tratar esses quadros é tamanha que a psicóloga enfatiza: a depressão e a ansiedade são doenças, e devem ser tratadas como tal, seja por meio de psicoterapia, seja com auxílio farmacológico, se necessário.
Três técnicas simples contra a crise de pânico
Para combater a ansiedade e as crises de pânico no dia a dia, Maria Terezinha compartilhou três práticas imediatas que podem ser usadas a qualquer momento:
- Respiração Concentrada: Inspirar contando até cinco, segurar por cinco segundos e soltar o ar pela boca lentamente. Essa técnica é crucial para sair de uma crise de pânico ao regular o sistema nervoso.
- Ouvir o Ambiente: Fechar os olhos e concentrar-se apenas em ouvir todos os sons ao redor. Essa ação tira o foco da mente dos pensamentos acelerados e induz o relaxamento.
- Foco no Corpo (Pés): Prestar atenção nos pés, mexendo os dedos. Ao concentrar a mente nessa parte do corpo, é possível “desligar” o pensamento ansioso, aliviando a tensão.
A força do olhar humanista e o apelo à família
Adotando a Abordagem Centrada na Pessoa, de Carl Rogers, a psicóloga defende que a cura reside em olhar para o indivíduo sem rótulos ou julgamentos. Ela usou a metáfora das batatas que buscam a luz para reforçar que o ser humano tem uma “tendência de buscar o melhor” quando lhe é oferecido um ambiente seguro.
Para familiares e amigos, a mensagem é de acolhimento, não de aconselhamento. Maria Terezinha alertou que não se deve “sufocar” o ente querido com frases como “relaxa” ou “você precisa ter fé”. O papel fundamental da família é levar o indivíduo para o atendimento de saúde (psicólogo ou psiquiatra), especialmente porque o depressivo muitas vezes não tem forças para buscar ajuda sozinho.
Mensagem Final: “Olhe para si e se ame”
Encerrando a entrevista, a psicóloga fez um apelo emocional a todos os ouvintes: “Amai o próximo como a ti mesmo”.
“Não esqueça de você. Você se doa tanto e aí, como é que você fica nessa? Se coloque também neste lugar de amor, de cuidado, se cuida.”
Ela incentivou a gratidão — mesmo com as limitações de pais e familiares — e a aceitação de si mesmo, reforçando que a transformação da vida passa pela consciência de que “tudo depende de mim.”