Em meio à pandemia da Covid-19, diante do cenário do novo normal que estamos vivendo na atualidade muitas pessoas tem tido seu emocional abalado mediante à um turbilhão de noticias, a falta de um abraço e o isolamento social. Pensando nisso nossa equipe conversou com a psicóloga Sombriense Jéssica Santos sobre os principais questionamentos e problemas psicossomáticos que a população tem sentido atualmente.
Leia com atenção e aproveite para refletir.
Jornal Amorim: Jéssica quais tem sido os principais sentimentos das pessoas em meio a pandemia?
Jéssica Santos: Durante uma pandemia é esperado que estejamos frequentemente em estado de alerta, preocupados, confusos, estressados e com sensação de falta de controle pois essa situação pode afetar também a saúde mental das pessoas, aumentando a ansiedade, insegurança, tristeza e outros sentimentos diante do isolamento social e das incertezas.
Precisamos pensar em como ficar saudável durante esse período, para além das questões físicas.
Jornal Amorim: Como o emocional pode afetar na saúde das pessoas?
Jéssica Santos: As emoções têm a capacidade de prejudicar e de curar não apenas psicologicamente, mas também fisicamente. As emoções negativas repercutem em adoecimentos cardiovasculares, doenças autoimunes, câncer, doenças infecciosas etc. Reações fisiológicas como tremores, sudorese, falta de ar, taquicardia, boca seca, dor de barriga, dor de garganta, gastrite, tensão muscular, além de liberação de endorfina e aumento do cortisol, podem ser associadas a emoções. Chamamos isso de doenças psicossomáticas.
Jornal Amorim: Emocional alterado gera imunidade baixa?
Jéssica Santos: Quando nos sentimos bem nosso corpo funciona de maneira equilibrada. Por outro lado, quando estamos em uma montanha-russa de sentimentos, promovemos a liberação de hormônios de maneira descontrolada. O estresse emocional baixa a imunidade do indivíduo, que pode desenvolver uma série de doenças. Por isso, saber administrar a pressão e as situações da vida é fundamental para manter a saúde em dia, ter uma vida equilibrada e feliz.
Jornal Amorim: Como cuidar da nossa saúde emocional ?
Jéssica Santos: O indivíduo que consegue gerenciar suas emoções possui mais recursos para enfrentar as situações adversas do dia a dia. Não existem restrições acerca de quem pode ou não fazer psicoterapia. Ela é indicada para todas as idades e não deve ser vista como uma prática utilizada apenas por quem apresenta distúrbios emocionais ou transtornos psiquiátricos.
O momento de buscar tratamento psicológico consiste no reconhecimento de uma fragilidade ou de um sofrimento emocional; no desejo em mudar comportamentos ou aspectos da vida e até mesmo como forma de autoconhecimento.
Jornal Amorim: O que fazer quando está em isolamento? Como driblar os pensamentos ruins em dias de isolamento social?
Jéssica Santos: É importante ter em mente que não temos certeza de nada e isso não depende de nós, então, não adianta se desesperar. Equilibrar esses sentimentos exigem calma e paciência. Se não temos controle sobre o externo, podemos focar no controle sobre nós mesmos. Entender um pouco mais nossos sentimentos e aprender a se relacionar com eles, nos ajuda a enfrentar situações imprevistas e inéditas, como esta que estamos vivendo.
Algumas dicas para ajudar a manter a mente saudável é procurar manter o sono regulado, fazer exercícios físicos, ter uma alimentação saudável e equilibrada, ler um livro, descobrir um novo hobbie.
Jornal Amorim: Como agir quando descobrimos que temos alguém da nossa casa com a covid-19? Como manter a calma em uma situação como essa?
Jéssica Santos: As pessoas que sabem que estiveram em contato com alguém que teve um resultado positivo em um teste não devem ficar em pânico. Devem manter a calma e optar pelo isolamento e investir em exercícios e ações que auxiliem na redução do nível de estresse agudo (meditação, leitura, exercícios de respiração, entre outros mecanismos que auxiliem a situar o pensamento no momento presente), bem como estimular a retomada de experiências e habilidades usadas em tempos difíceis do passado para gerenciar emoções durante a epidemia.
Jornal Amorim: Como Como lidar com o luto? A morte chega sem permissão e os enlutado começam uma batalha pela sobrevivência, como lidar com esse momento difícil de dor?
Jéssica Santos: Sabemos que o luto é um processo, um conjunto de reações e emoções, resultado de uma perda muito impactante. Não é fácil de ser encarado e não tem tempo delimitado. A perda, de alguém ou de algo é uma certeza que quando se concretiza, não é vivenciada com naturalidade, pois se distanciar e dizer adeus é um processo dolorido.
Entramos no luto, sofremos e temos que aprender a lidar com a ausência e com a distância. Cada pessoa tem o seu tempo, e precisamos estar livres, sem cobranças e especulações até conseguirmos nos adaptar e aprendermos a sobreviver sem a pessoa que se foi.
Jornal Amorim: Sabemos que não existem fórmulas mágicas ou receitas infalíveis para lidar com o luto e sim pensamentos e atitudes que nos auxiliam nessa longa caminhada. Existe alguma dica para superar esse momento de dor?
Jéssica Santos: O luto é um período de muita solidão e ao mesmo tempo, muito sagrado. É vivenciado de maneira ímpar, pois cada pessoa reage a ele de maneira diferente e não existe certo ou errado. Permita-se sofrer, ficar triste, desesperar-se, reclamar, perguntar, chorar. Fale, conversar sobre o que está sentindo, sobre todas as emoções, sentimentos e dúvidas.
Procurar um familiar, um amigo ou um profissional. Escrever diários ou cartas para quem o coração pedir, relatando suas emoções, expectativas e sentimentos também pode ajudar em meio ao desespero, desesperança e saudade.
A partir do momento em que conseguimos sentir saudades sem a sensação que o mundo irá desabar, aí sim podemos dizer que reaprendemos a viver. As lembranças ocupam o lugar do desespero e do desamparo.
A vida é uma incógnita cheia de incertezas e interrogações, o ontem se foi, o hoje é o agora e o amanhã a Deus pertence. Que possamos viver cada dia com muita intensidade aproveitando um dia de cada vez, com calma em meio a esse turbilhão de informações e emoções negativas em meio a pandemia da Covid-19.
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